“Em primeiro lugar, é uma prestação de contas, uma modesta contribuição para o debate e para a formação, realização e avaliação das políticas públicas no mundo e na Europa”, explicou à agência Lusa Augusto Santos Silva, a propósito do livro “Argumentos Necessários – Contributos para a Política Europeia e Externa de Portugal”, que chega às livrarias na próxima sexta-feira.
O governante considera que a opinião pública “não debate suficientemente” os temas da diplomacia, o que justifica pelo facto de se tratar de “uma política muito consensual” e, como tal, “menos apetitosa” para a discussão.
No entanto, ressalva: se os partidos são “quase unânimes” na definição das grandes prioridades da diplomacia portuguesa – Europa, Atlântica, comunidades portuguesas e lusofonia -, já “as políticas em concreto podem variar”.
Além disso, os textos agora reunidos procuram “contribuir para a formação” dos diplomatas portugueses, “também para que eles compreendam bem quais são as opções políticas essenciais”.
Neste livro, Santos Silva preferiu incluir apenas textos da sua autoria.
“Qualquer pessoa que tenha o mínimo de experiência política ou que conheça minimamente a política, sabe que muitas vezes os textos que nós lemos não são escritos por nós, mas são preparados pelos serviços e alguns são objeto de negociações muito complexas. Neste caso, achei que valia a pena reunir os textos que eu próprio escrevi e que num certo sentido significam uma contribuição pessoal a estas áreas. Não quer dizer que não seja influenciada por todos aqueles que trabalham no Ministério dos Negócios Estrangeiros, mas procura definir uma linha de orientação pela qual eu sou responsável”, justificou.
Ao longo de mais de 240 páginas, o livro reúne 14 textos de discursos proferidos pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, por exemplo, na abertura dos seminários diplomáticos de 2016 e 2017, em iniciativas em Portugal ou durante visitas oficiais ao estrangeiro.
Na primeira parte, Santos Silva debruça-se sobre os traços e objetivos principais da política europeia e externa de Portugal. Depois, reflete sobre a integração europeia, nomeadamente sobre o lugar e papel de Portugal e o futuro próximo da Europa, confrontada com a saída do Reino Unido (‘Brexit’).
A terceira parte é dedicada à “cultura como chave de interpretação”, abordando a matriz cultural europeia, defendendo “um diálogo mais intenso e mais duradouro entre a Europa e a América Latina e as Caraíbas” ou versando sobre a compatibilização entre a agenda da segurança e a defesa dos direitos humanos.
Um outro capítulo é dedicado às comunidades, com o ministro a acentuar o valor dos emigrantes, as políticas públicas a eles dedicadas ou a “lição de integração” dos portugueses no estrangeiro.
A última parte do livro intitula-se “Recursos, reunindo “finalidades e ativos da inscrição internacional” portuguesa: a língua e a cultura; a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP); a cooperação para o desenvolvimento e a diplomacia para os direitos humanos.
Comentários