“Abdicar das ciclovias não é sequer uma possibilidade, o que precisamos de fazer é melhorar aquelas em que identificamos que há problemas”, disse a cabeça de lista bloquista após uma “bicicletada” entre o Saldanha e a Praça dos Restauradores, que reuniu cerca de três dezenas de militantes do BE, entre os quais a candidata à Assembleia Municipal Isabel Pires.
Depois de cerca de 20 minutos de bicicleta, devido ao ‘pára-arranca’ esperando pela comitiva, Beatriz Gomes Dias liderou o grupo que desceu a Av. Fontes Pereira de Melo até ao Marques de Pombal em ciclovia, passando depois a uma via partilhada com automóveis na Avenida da Liberdade, demonstrando que o trajeto foi mais rápido de bicicleta do que para aqueles que foram de metropolitano ao seu encontro.
“Fizemos este percurso de bicicleta para chamar a atenção e sublinhar a atenção de termos vias dedicadas à bicicleta. Estas vias são fundamentais para garantir conforto e segurança aos utilizadores da bicicleta”, explicou, reconhecendo que as vias dedicadas são “mais confortáveis”, enquanto nas partilhadas “o piso é diferente”.
Beatriz Gomes Dias salientou a importância de incentivos para as pessoas que utilizam bicicletas, criando zonas de acalmia de trânsito, com a redução da velocidade a que os carros circulam na cidade.
“Precisamos de ter menos carros na cidade e criar condições para as pessoas usarem as bicicletas em segurança”, afirmou, garantindo aos jornalistas não se ter sentido insegura durante o percurso, mas reconhecendo que a via dedicada “deve ser ampliada para que não haja interrupções”.
A candidata frisou também a importância das redes de ciclovias serem estendidas a zonas onde não existem “nem vias, nem bicicletas” partilhadas, como é o caso da Ajuda e de Marvila.
“Considero que as ciclovias são fundamentais na cidade e devem ser construídas da melhor forma possível que garantam melhor segurança e conforto às pessoas utilizadoras de bicicleta e aos peões em geral”, disse.
Beatriz Gomes Dias sublinhou a necessidade daquelas em que forem “identificados erros na construção e implementação” serem corrigidas, “em articulação com as populações e com as associações de utilizadores de bicicletas que têm uma boa reflexão, estudos e experiência no desenho das ciclovias e no desenho do urbanismo”.
Beatriz Gomes Dias lembrou ainda a necessidade da criação de parques de estacionamento nas zonas de interface de transportes públicos, de forma às pessoas deixarem os carros, havendo depois transportes públicos “para se fazer grande parte da viagem e depois a expansão das ciclovias para a última parte do percurso”.
Desta forma, justifica a candidata irá reduzir-se o número de carros a entrar nas cidades.
Durante a manhã, a candidata do Bloco visitou o bairro de Chelas, na freguesia de Marvila, onde esteve com um dos mentores do coletivo 'Chelas é o Stio´', associação que tem como objetivo “ressignificar o bairro do Condado e Zona J e desconstruir algum preconceito que existe relativamente àquele bairro”.
Beatriz Gomes Dias explicou também ter visitado o centro comunitário Maximiliano Colme, onde se apercebeu “dos laços de solidariedade que unem a comunidade”, que reconheceu ter vindo a ser “esquecida pelos diferentes governos”.
“A realidade tem de ser transformada passando por um investimento robusto nos bairros municipais que vise a requalificação do edificado, combater a pobreza energética, trocar janelas ou colocar elevadores onde são precisos”, afirmou, salientando que a requalificação passa também pelos espaços públicos e pelos serviços “que têm de ser feitos pela câmara em articulação com as organizações de base local”.
Beatriz Gomes Dias adiantou que o Bloco tem uma proposta para nomear uma das ruas de Chelas com o nome de Bruno Candé, homenageando o artista que foi assassinado, no ano passado numa rua de Moscavide, concelho de Loures, vítima de um crime de ódio racial.
A candidata lembrou também a morte de Alcino Monteiro (assassinado no Bairro Alto em 1995), à semelhança de Bruno Candé, considerando que ao colocar estes acontecimentos no espaço publico, na toponímia da cidade, “se pode promover o debate sobre o racismo e a discriminação racial portuguesa”.
Na corrida à presidência da autarquia estão, além de Beatriz Gomes Dias e Fernando Medina, Carlos Moedas (coligação PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança), João Ferreira (CDU), Bruno Horta Soares (IL), Nuno Graciano (Chega), Manuela Gonzaga (PAN), Tiago Matos Gomes (Volt Portugal), Ossanda Líber (Movimento Somos Todos Lisboa), Sofia Afonso Ferreira (Nós, Cidadãos!), Bruno Fialho (PDR) e João Patrocínio (Ergue-te).
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