Em reunião pública, o executivo discutiu três propostas a este propósito, duas delas aprovadas por unanimidade, nomeadamente um voto apresentado pelo PCP de pesar pelo falecimento de Odair Moniz e um outro proposto pelo BE de solidariedade com o motorista da Carris Metropolitana.

Outra das propostas foi subscrita pela liderança PSD/CDS-PP, em que no mesmo documento junta o pesar pela morte de Odair Moniz e a solidariedade pelo motorista gravemente ferido no autocarro incendiado no decurso dos tumultos na área da Grande Lisboa, tendo o voto sido viabilizado com os votos contra do BE e a abstenção dos restantes vereadores da oposição, designadamente Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), Livre, PS e PCP.

Para o presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), “estas duas situações são terríveis: uma de alguém que perdeu a vida, mas também outra de alguém que ficará para toda a vida com as marcas da violência”.

Destacando o trabalho do município de proximidade às comunidades dentro dos bairros de Lisboa, o autarca do PSD apelou à moderação e não polarização do debate, rejeitando “entrar em jogos políticos e de ataques”.

Justificando o voto contra a proposta de PSD/CDS-PP, a vereadora do BE, Beatriz Gomes Dias, lamentou a ausência de “uma frase de homenagem à pessoa que foi abatida pela polícia” e criticou “um discurso securitário que criminaliza territórios”, reforçando a solidariedade com o motorista ferido.

“Não confundimos as questões sociais com as respostas necessárias aos problemas que são identificados nos territórios vulneráveis da cidade”, afirmou a bloquista, discordando dos considerandos do voto de PSD/CDS-PP.

No voto de PSD/CDS-PP, lê-se que “num estado de direito deve haver tolerância zero à violência, levando à necessidade de reforço da capacidade de policiamento, assim evitando o crescer do sentimento de insegurança que se tem vindo a verificar na cidade de Lisboa”, sem apontar outras áreas de intervenção neste âmbito.

Dos Cidadãos Por Lisboa, Floresbela Pinto também discordou dos considerandos da proposta de PSD/CDS-PP “porque só atesta uma visão securitária”, lamentando que “não haja uma palavra para falar os problemas sistémicos que estes territórios sofrem, nomeadamente em Lisboa”, referindo-se aos bairros e rejeitando a atribuição de designações como “problemáticos e sensíveis”, que são conotações “extremamente negativas”.

“O problema não se resolve só com a questão policial”, sublinhou Floresbela Pinto, manifestando-se “completamente solidária” com a família de Odair Moniz, com os polícias que estiveram envolvidos naquela situação, com o motorista que ficou ferido e com toda a população, rejeitando “em absoluto” os atos de violência que foram praticados.

Subscrevendo os votos do PCP e do BE, a vereadora do PS Cátia Rosas justificou a abstenção à proposta da gestão de Carlos Moedas por discordar de “alguns dos considerandos”, defendendo que, “pelo seu teor, deviam ser votos distintos”.

Do Livre, Patrícia Gonçalves lamentou que o preâmbulo da proposta de PSD/CDS-PP aponte “unicamente para uma resposta musculada dos problemas, através do reforço dos meios de segurança e consequente capacidade de policiamento, não se referindo a outro tipo de medidas, como por exemplo o maior investimento na formação e sensibilização para os direitos humanos junto dos agentes, nem mencionando todo um vasto e grave conjunto de problemas enfrentados pela população a residir em certas áreas limítrofes da cidade, que urgem serem resolvidos pelos poderes autárquicos”.

Durante a reunião, os vereadores da câmara manifestaram também pesar pela morte do professor catedrático André Freire, aos 63 anos.

Por unanimidade, o executivo municipal aprovou um voto de louvor do PS a Vítor Ramalho, saudando o trabalho profícuo e determinado à frente da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), e um outro dos Cidadãos Por Lisboa a João Jaime Pires, diretor do Liceu Camões, com ambos os documentos a sugerirem a atribuição da Medalha de Mérito a estas duas personalidades.