“As crianças que tiverem de ser transferidas, eventualmente, por circunstâncias especiais, em que possam ter melhor tratamento no IPO do Porto, com certeza que a direção do Hospital de São João (HSJ) o fará, mas eu lembro que o Hospital de São João tem as competências e as capacidades necessárias para tratar a maior parte das crianças”, declarou o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães.
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, disse na segunda-feira que importava esclarecer se as crianças seguidas na ala pediátrica do São João do Porto, nomeadamente as doentes oncológicas, poderiam ser tratadas noutros hospitais com Pediatria, designadamente no Instituto Português Oncologia (IPO) do Porto.
Miguel Guimarães lembrou que os “tumores cerebrais são tratados apenas no Hospital de São João” e frisou que esta instituição é uma referência no Norte do país em várias áreas da Pediatria, mas também na área da Obstetrícia, Neurocirurgia, da Cardiologia Pediátrica.
“O IPO do Porto não tem condições para tratar crianças com tumores cerebrais”, declarou, lembrando também que há “valências específicas” no São João que não existem no IPO do Porto, como por exemplo, a Neurocirurgia, Ortopedia Pediátrica, ou uma unidade de cuidados intensivos intermédios, Cardiologia Pediátrica, ou das Cardiopatias Congénitas, ou das doenças hereditárias, que é referência europeia.
A nova ala pediátrica do hospital de São João, no Porto, deve estar concluída e pronta para acolher as crianças daqui a cerca de dois anos, estimou hoje o ministro da Saúde no parlamento.
Em resposta ao anúncio, Miguel Guimarães sustentou, por seu turno, que poderá ser necessário construir mais instalações provisórias para a Pediatria no Hospital de São João do Porto durante as obras para a nova ala pediátrica, lembrando que o número de intervenções que tem sido necessário fazer mostra que as atuais instalações provisórias do Hospital Pediátrico já passaram o “prazo de validade”.
“É fundamental avançar com as obras e, entretanto, se for necessário, e penso que poderá ser necessário, construir novas instalações provisórias”, declarou, recordando que nos atuais “contentores” foram realizadas 1.419 intervenções só durante o ano de 2017, o que mostra que aquela estrutura tem o prazo “ultrapassado” e que a “manutenção é difícil”.
O bastonário considerou que será fácil fazer umas instalações provisórias “que durem um ano ou dois”, conforme a duração das obras para a nova ala, mas admitiu que os problemas da deslocação das crianças em ambulância para o edifício central da unidade hospital para fazer determinados exames se mantêm.
O bastonário da Ordem dos Médicos, que visitou hoje o Centro Hospitalar de São João e se inteirou das condições de internamento e de realização dos tratamentos de oncologia em regime ambulatório, desafiou o ministro da Saúde a fazer também uma visita àquela unidade.
O bastonário verificou que as instalações provisórias em contentores para o serviço de Pediatria já tiveram várias intervenções e que a condição das crianças que estão nos contentores, apesar de terem cuidados de excelência, “poderia melhorar se passassem para dentro da estrutura física do hospital”.
“É urgente integrar a Pediatria dentro da estrutura física do hospital de São João”, asseverou.
Sobre a questão da quimioterapia, Miguel Guimarães disse que vai estar “resolvida em junho”.
“A administração do hospital já tinha tomada medidas para construir uma nova área, com hospital de dia pediátrico apenas para as crianças”.
A falta de condições de atendimento e tratamento de crianças com doenças oncológicas foi denunciada na semana passada por pais de crianças doentes que são atendidas em ambulatório e também na unidade do ‘Joãozinho’, para onde são encaminhadas quando têm de ser internadas no Centro Hospitalar de São João.
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