Beryl é agora a tempestade de categoria 5 registada mais cedo no Atlântico e um furacão "potencialmente catastrófico", com ventos máximos sustentados de 260 quilómetros por hora, informou o Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos na segunda-feira.

Algumas horas antes, a ilha Carriacou, em Granada, recebeu o impacto direto "do extremamente perigoso muro do olho do furacão". Ilhas próximas, como São Vicente e Granadinas, também registaram "ventos catastróficos e tempestades ciclónicas potencialmente fatais", afirmou o NHC.

"Em meia hora, Carriacou estava arrasada", disse o primeiro-ministro de Granada, Dickon Mitchell, numa conferência de imprensa

Imagens de vídeo obtidas pela AFP mostram chuvas torrenciais e ventos intensos em St. George, em Granada. Durante a manhã, o NHC tinha elevado Beryl à categoria 4 e classificou-o como "extremamente perigoso".

"Não vão a lugar nenhum até receberem o sinal verde", pediu, por sua vez, o ministro dos Assuntos Públicos de Barbados, Wilfred Abrahams. Em Bridgetown, capital deste país, os carros faziam fila nos postos de gasolina, enquanto os supermercados e mercearias estavam lotados de pessoas que compravam alimentos, água e outros mantimentos.

Durante a tarde, as autoridades de Barbados, a mais oriental das ilhas de Barlavento (arquipélago das Antilhas menores), relataram estragos causados por fortes ventos e chuvas torrenciais, mas disseram ter evitado o desastre, sem o registo de feridos.  O serviço meteorológico da ilha baixou entretanto o alerta de furacões a um aviso de ventos.

Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Granada estão em alerta por furacão, enquanto Martinica, Dominica e Trinidad advertem para uma tempestade tropical.

Em Trinidad e Tobago, os alertas para uma tempestade tropical e furacões expiraram simultaneamente, segundo o NHC. Em Tobago, a menor das duas ilhas, foi declarado estado de emergência e o encerramento das escolas "até novo aviso", segundo o chefe do governo, Farley Augustine.

Uma reunião do bloco regional caribenho Caricom prevista para Granada nesta semana foi adiada devido à passagem do furacão.

Segundo os especialistas, uma tempestade tão poderosa no início da temporada de furacões, que vai do início de junho ao final de novembro no Atlântico, é extremamente rara.

"Apenas cinco grandes furacões (categoria 3+) foram registados no Atlântico antes da primeira semana de julho", escreveu na rede X o especialista em furacões Michael Lowry.

De acordo com o previsto, Beryl continuará a sua trajetória durante a madrugada de terça-feira no estado mexicano de Quintana Roo, onde estão localizados as zonas balneares de Cancún e Riviera Maya.

"A Proteção Civil, a Secretaria da Defesa e a Marinha (...) estão a observar toda a trajetória", afirmou o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, em rápidas declarações à imprensa em Cancún.

As autoridades mexicanas emitiram outro alerta devido à formação da tempestade Chris na noite de domingo no Golfo do México, o terceiro sistema na temporada do Atlântico.

A tempestade tropical Alberto, a primeira da temporada na região, deixou pelo menos cinco mortos ao passar pelo norte do México há 10 dias.

Os serviços meteorológicos em Martinica também previram um mar muito agitado "especialmente nesta segunda-feira". São esperadas ondas de 5 metros no canal Saint-Lucie, a sul da ilha francesa.

A 'Météo France' prevê que a temporada de furacões de 2024 será "uma das mais intensas" nesta região. A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) também previu uma temporada extraordinária no final de maio, com a possibilidade de quatro a sete furacões de categoria 3 ou superior.

A agência citou as temperaturas quentes do oceano Atlântico e as condições relacionadas com o fenómeno climático La Niña no Pacífico para explicar o aumento das tempestades.

Nos últimos anos, os fenómenos meteorológicos extremos, incluindo furacões, tornaram-se mais frequentes e devastadores como resultado das alterações climáticas.