Na homilia da missa crismal, antecipada para hoje para permitir que os capelães militares possam, na quinta-feira, estar presentes nas suas dioceses territoriais, o bispo Rui Valério falou do contributo dos abusos para o momento de “amargura” que se vive.
“O nosso coração está (…) cheio de amargura. Ao drama da guerra que há mais de um ano envolve a Ucrânia, barbaramente agredida pela Rússia, a Europa e o mundo, junta-se a má nova, agora comprovada com testemunhos e provas, de hediondos abusos molestadores perpetrados por indignos membros da Igreja, sobre vítimas inocentes e indefesas”, afirmou o prelado, na cerimónia realizada na Igreja da Memória, em Lisboa, catedral do Ordinariato Castrense.
“Todas as vítimas desses abusos estão no coração da nossa oração e da nossa súplica de perdão”, acrescentou Rui Valério, para quem “esta situação dos abusos sobre menores constitui um autêntico murro no estômago”.
Segundo o responsável pela diocese das Forças Armadas e Forças de Segurança, vive-se, de alguma forma, “numa globalização da dor que não pode deixar indiferente nenhum sacerdote”.
“Diante do abismo da dor humana, nem Cristo recua, nem volta a cara, e, como Ele, também os sacerdotes não recuam, nem voltam a cara”, defendeu o bispo, alertando para um tempo “em que a vocação do sacerdote é frequentemente desfigurada por escândalos horríveis e pelo escândalo da superficialidade ou da mediocridade, o Rosto de Cristo Sacerdote, que vem crucificado todos os dias na humanidade trespassada pela dor, pela desumanidade da guerra, pelo enigma da morte e pelo drama de tantas vítimas inocentes”.
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