"Do lado da EAF, Entidade Administrativa da Faixa [de 3,5 Gigahertz], uma associação formada pelas operadoras que venceram o leilão do 5G no Brasil, nós vamos implantar seis 'infovias' na região, totalizando praticamente 10 mil quilómetros de fibra ótica, que vão ser instalados no leito dos rios", disse à Lusa Leandro Guerra, presidente da EAF.

O responsável falava à margem do 14.º Fórum das Comunicações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorre na Fundação Cupertino de Miranda, no Porto.

"As fibras são depositadas no leito do rio e têm também aberturas. São 48 pares de fibras, e nós vamos implementar em 49 localidades da região amazónica, atendendo a regiões bem remotas, a população ribeirinha, inclusive aldeias indígenas", contribuindo para a "inclusão social e digital dessa população", disse à Lusa.

As aplicações práticas da instalação desta tecnologia, cuja implementação foi uma condição do Governo Federal brasileiro para os vencedores do leilão do 5G no país, vão desde "o governo eletrónico" até a "oportunidades de desenvolvimento económico e social".

"Na região amazónica, existe muito extrativismo na economia. Extrativismo mineral e vegetal. As pessoas recebem uma parte pequena da cadeia de valor desse tipo de produto", mas com o potencial desenvolvimento do comércio eletrónico, pode haver um "melhor desenvolvimento económico para essa população".

Leandro Guerra salientou que "as distâncias na Amazónia são muito grandes" e a população, muitas vezes, "não tem acesso a serviços que são essenciais, como saúde e educação".

Questionado sobre a possibilidade da abertura de formas de comunicação poder significar, por outro lado, um êxodo da população, Leandro Guerra admitiu que "tem sempre o outro lado", mas prefere olhar "pelo lado positivo da transformação digital", que pode proporcionar inovações como "telemedicina ou mesmo educação à distância".