A questão da retirada de árvores em Buarcos - que foi alvo de um protesto de um movimento ambientalista, mas também defendida por moradores - voltou hoje à reunião do executivo municipal, com um ponto de situação apresentado publicamente pela arquiteta paisagista Ana Brilha.
A arquiteta disse que antes da tempestade Leslie, em 13 de outubro, existiam 89 árvores nos jardins 05 de Outubro, Caras Direitas e Fernando Traqueia, todos na zona onde decorre a obra da nova Frente Marítima de Buarcos.
De acordo com Ana Brilha, o jardim 05 de Outubro - o único dos três espaços verdes cuja intervenção não estava prevista no plano inicial da obra - foi dos que mais sofreram com a passagem da tempestade, dado que, das 24 árvores ali existentes, "apenas quatro saíram ilesas", algumas das 20 restantes foram derrubadas e outras possuem questões fitossanitárias que não estavam identificadas e foram descobertas numa avaliação feita na sequência do temporal.
Em declarações à Lusa, Ana Brilha defendeu o seu abate, em especial de cinco árvores que estão do lado norte do jardim, de frente para as casas e com um alinhamento inclinado.
"Têm um alinhamento muito problemático, não caíram porque encostaram umas às outras, deveriam ser abatidas o quanto antes", defendeu.
O abate destas cinco árvores foi defendido na anterior reunião da autarquia por Cardoso Pereira, munícipe ali residente, que o advogou, alegando que "não estão saudáveis" e ameaçam cair.
Já no jardim Caras Direitas, na zona fronteira ao mercado municipal de Buarcos, a intenção da autarquia era manter seis árvores - de um total de 17 ali existentes - no âmbito do projeto de requalificação, "mas entretanto, com o 13 de outubro, apenas ficou uma”: "todas as outras tiveram prejuízos bastante grandes, duas caíram e três ficaram danificadas".
Ana Brilha explicou à Lusa que essas três árvores danificadas estão identificadas para serem eventualmente retiradas, mas essa decisão ainda não foi tomada.
Por último, o jardim Fernando Traqueia, localizado em frente ao teatro Caras Direitas, é o que, de acordo com a técnica camarária, "tem as árvores que sofreram menos” com a tempestade Leslie.
Em causa estão exemplares “muitíssimo mais recentes" do que os dos outros dois jardins e que terão sido plantados na década de 1980.
Neste jardim foram derrubadas duas árvores e outras duas retiradas devido às obras de requalificação.
No total, segundo os números avançados pela autarquia, das 89 árvores ali existentes, 10 foram derrubadas pela tempestade Leslie e outras três estão em perigo de abate por prejuízos sofridos no temporal, 12 deverão ser retiradas por questões fitossanitárias e 15 por opção resultante da obra de requalificação, num total de 40 árvores.
Questionada por Miguel Babo, vereador do PSD (na oposição), sobre se existem situações semelhantes de problemas fitossanitários no arvoredo da Figueira da Foz, Ana Brilha respondeu que foi feito um inventário na baixa da cidade e existe uma proposta de intervenção "rua a rua".
A arquiteta deu o exemplo da rua Afonso de Albuquerque (que faz a ligação entre a zona ribeirinha e o centro de formação da GNR), onde "serão poucas [as árvores] que ficam".
Intervindo na reunião, o presidente da autarquia, João Ataíde (PS), disse que a situação das árvores em Buarcos originou uma "discussão pública interessante" e frisou que a Figueira da Foz (distrito de Coimbra), apesar de duas tempestades que a afetaram nos últimos seis anos, "ainda tem parque arbóreo significativo".
O autarca anunciou a intenção do município em vir a fazer um "planeamento de médio e longo prazo" sobre a arborização da cidade, em que “todos possam dar o seu contributo".
"Está no nosso propósito abrir essa discussão, envolver mais pessoas e opiniões nas opções que se poderão vir a tomar", frisou o autarca.
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