Manuela Calado, que falava aos jornalistas durante uma visita ao bairro de Vale de Chícharos, mais conhecido por bairro da Jamaica, disse não ter conhecimento de outros incidentes recentes naquele bairro e considerou que está a haver “algum empolamento” do incidente e também algum “aproveitamento” por parte de pessoas que nada têm a ver com o bairro da Jamaica.
Um vídeo divulgado nas redes sociais sobre o incidente entre moradores e a polícia no passado domingo no bairro da Jamaica deu origem a uma manifestação realizada na segunda-feira em Lisboa, em que se registaram incidentes entre manifestantes e polícias.
Quase uma semana depois desses realiza-se esta tarde, junto à Câmara do Seixal, uma manifestação contra “a brutalidade policial” e por “habitações dignas”, numa organização assumida por alguns movimentos e associações, como o Coletivo Consciência Negra, a SOS Racismo, a Plataforma Gueto, a FEMAFRO – Associação de Mulheres Negras, Africanas e Afro-descendentes em Portugal e a Afrolis — Associação Cultura.
Num comunicado enviado na quinta-feira à agência Lusa, a Associação para o Desenvolvimento Social de Vale Chícharos fez saber que os moradores do bairro Jamaica “não estão envolvidos e não vão participar” na manifestação de hoje.
“Nem os moradores do bairro Jamaica nem a família Coxi [com alguns elementos envolvidos nos incidentes] estiveram envolvidos na convocatória nem na manifestação que ocorreu, em Lisboa, no passado dia 21 de janeiro. Não estamos, de igual modo, a organizar nenhuma manifestação para sexta-feira em frente à Câmara Municipal do Seixal e não iremos participar nas manifestações agendadas”, lê-se no comunicado.
Para a vereadora da Câmara do Seixal, a principal preocupação dos moradores é a conclusão do processo de realojamento e não a organização de manifestações, das quais já se demarcaram.
“A Comissão de Moradores já se demarcou [da manifestação], até porque o incidente que aqui ocorreu no passado fim de semana foi uma coisa pontual. Há muitos anos que nós não temos relato de problemas aqui no bairro. As pessoas que aqui vivem são pacíficas, trabalhadoras. O que querem é que os seus filhos possam ter melhores condições de vida do que eles têm. É um processo que a Câmara Municipal do Seixal que continuar a fazer com a comissão e com todos os moradores”, disse.
“Já realojámos o lote 10. Estamos a iniciar todos os procedimentos para o lote 13, com 38 famílias, e pensamos que podemos fazer, ao mesmo tempo, o realojamento dos lotes 14 e 15. O processo de realojamento deverá decorrer até 2022, mas, se puder ser feito mais cedo, tanto melhor, para a Câmara Municipal, para os moradores, para todos”, acrescentou Manuela Calado.
A vereadora da Habitação na Câmara do Seixal acredita também que o processo de realojamento das famílias que vivem no bairro da Jamaica será “exemplar”, até porque foi seguida uma nova estratégia que visa promover uma maior inclusão social das famílias.
“Não quisemos construir um novo bairro de habitação social, retirar estas pessoas daqui e colocá-las nesse novo bairro social, porque isso ia fomentar novos guetos. Para que haja uma inclusão social destas famílias, elas que têm que ir viver na comunidade. A estratégia deste projeto foi procurar habitações disponíveis no mercado, dentro dos requisitos exigidos por lei”, conclui Manuela Calado.
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