"Há efetivamente um atraso de duas a três semanas e mesmo a sul da Gardunha [onde as cerejas amadurecem mais cedo] ainda temos pomares em flor, ou seja, o processo de vingamento ainda nem se iniciou", explicou José Pinto Castello Branco.
Tal como lembrou, em 2017, por esta altura, já se colhiam as primeiras cerejas, mas este ano a entrada tardia da primavera e a chuva constante que se verificou ao longo do mês de março e início do abril acabaram por atrasar o amadurecimento do fruto.
"Os ciclos de produção estão efetivamente muito atrasados e continuamos a depender das condições climatéricas para que tudo corra dentro da normalidade, mas se não tivermos mais percalços as primeiras colheitas devem começar entre o dia 15 e o dia 20 de maio", especificou José Pinto Castello Branco, lembrando que, em 2017, a 26 de abril já havia cerejas colhidas.
Questionado sobre os reflexos que as alterações do tempo podem ter na produção, para além do atraso verificado, José Pinto Castello Branco, que também é produtor de cereja, explica que ainda é cedo para fazer prognósticos, visto que só após o vingamento é que se percebe melhor o ponto da situação em termos de quantidade e qualidade.
"Os vingamentos mais precoces têm estado a correr bem, mas não se sabe como é a partir daqui. Além disso, se as pessoas se ressentem com estas mudanças bruscas, também é natural que as árvores possam sentir estas viragens súbitas", apontou.
Este responsável mantém, todavia, a expectativa de que tal não aconteça e que, quando chegar a hora, as cerejas do Fundão cheguem com a qualidade que as distinguem.
Quanto ao início da campanha da cereja na Cerfundão, José Pinto Castello Branco frisa que "está tudo a postos" e que a estrutura estará preparada para dar resposta às necessidades, no dia em que os produtores começarem a colher.
O Fundão, no distrito de Castelo Branco, tem atualmente entre 2.000 a 2.500 hectares de pomares de cerejeiras, área que tem vindo a crescer todos os anos e que leva que este concelho seja considerado uma das maiores zonas de produção de cereja a nível nacional.
De acordo com um levantamento feito pela autarquia, a fileira da produção de cereja neste concelho (que inclui subprodutos e negócios associados), já representa mais de 20 milhões de euros por ano na economia local.
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