O coordenador da associação, Hermínio Galhano, adiantou à agência Lusa que, para já, os casos reportados não chegam a uma centena, mas ressalvou que existe uma equipa de seis pessoas no terreno e que a totalidade dos dados não está ainda compilada.

“Cada colega está a apontar os seus casos e ainda não tenho a totalidade dos dados, mas tenho muitos produtores a fazer a vacinação voluntária”, disse Hermínio Galhano.

O veterinário sublinhou que está a ser feita a vacinação de muitos animais, embora essa seja uma medida preventiva e não curativa.

Segundo o coordenador da Sanicobe, com sede no Fundão, no distrito de Castelo Branco, a desinsetização dos animais e das instalações são outras medidas que podem ser adotadas para combater a febre catarral ovina ou língua azul.

Apesar de haver vários rebanhos afetados, o técnico da Sanicobe realçou que, por o problema só agora se estar a começar a manifestar, ainda não foi confrontado em escala com as preocupações dos produtores.

“Como só está a começar a aparecer agora, as pessoas começam a manifestar o receio quando veem sintomas nos rebanhos”, frisou Hermínio Galhano.

O coordenador da Sanicobe alertou para os impactos financeiros da doença.

“As consequências da doença podem provocar, além de perdas na produção de leite, a diminuição do número de efetivos, quando há morte, e também abortos e mortes das crias”, enumerou.

A doença da língua azul já afetou, pelo menos, 279 explorações de bovinos e ovinos, sobretudo em Évora e Beja, e provocou a morte de 1.775 animais, segundo os dados disponibilizados pelo Ministério da Agricultura à Lusa.

A febre catarral ovina ou língua azul é uma doença de notificação obrigatória, mas, de acordo com o Governo, as notificações só têm chegado com a informação relativa aos efetivos pecuários, sujeitos a colheita de amostras.

Os últimos dados disponíveis, reportados a segunda-feira, indicam que foram contabilizadas 41 explorações de bovinos afetadas, com 102 animais afetados e sem mortalidade.

Por distrito, destacam-se Évora, com 90 explorações afetadas, e Beja, com 76, seguidos por Setúbal (48) e Portalegre (20).

Depois surgem Castelo Branco (oito), Santarém (oito), Aveiro (cinco), Vila Real (cinco), Lisboa (quatro), Bragança (três), Guarda (três), Viana do Castelo (três), Leiria (dois), Porto (dois), Coimbra (um) e Faro (um).

Já Braga e Viseu são os únicos distritos onde não se conhecem explorações afetadas pela língua azul.

A língua azul é uma doença viral infecciosa, não transmissível a humanos.

Em Portugal estão a circular três serotipos de língua azul, nomeadamente o BTV-4, que surgiu, pela primeira vez, em 2004 e foi novamente detetado em 2013 e 2023, o BTV-1, identificado em 2007, com surtos até 2021, e o BTV-3.