“A agricultura é o setor que mais fixa carbono, mas contribui também com 10% para as emissões. Temos de ter em conta que dos 10% apenas 2,5% dizem respeito aos ruminantes e [desses] 1,5% diz respeito aos bovinos de carne. Não me parece que a descarbonização da sociedade portuguesa se vá resolver à custa dos bovinos de carne”, disse Capoulas Santos, questionado pelo CDS-PP, durante uma audição parlamentar na Comissão de Agricultura e Mar.
Em causa estão as medidas previstas no Roteiro para a Neutralidade Carbónica, que pretendem tornar o país neutro nas emissões de dióxido de carbono até 2050, tendo sido a redução da produção de bovinos proposta pelo ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes.
Para Capoulas Santos, as metas serão atingíveis sem afetar o setor, uma vez que baixar a produção de bovinos “e compensar com importações de outras partes do mundo não vai contribuir nada para a descarbonização”.
Apesar de ressalvar que se trata de uma matéria da responsabilidade do Ministério do Ambiente, o governante vincou que é um debate ao qual “o Ministério da Agricultura está muito atento, ávido de participar e de apresentar soluções”.
Esta tarde, os deputados da comissão parlamentar de Agricultura e Mar vão votar um requerimento para a audição dos ministros do Ambiente e da Agricultura no âmbito do Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050.
Em 05 de dezembro, a Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri) considerou que a proposta do Ministério do Ambiente seria “o descalabro e a morte de parte do mundo rural”.
Em comunicado, a Confagri e as suas associadas Fenelac (leite) e Fenapecuária (pecuária) manifestaram a sua “sua total oposição às descabidas afirmações do ministro do Ambiente em que este vem publicamente preconizar, entre outros aspetos, a redução entre 25% e 50% dos efetivos bovinos”.
Já em 04 de dezembro, a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) manifestou “surpresa e oposição” face às medidas propostas.
A associação criticou as medidas do Roteiro para a Neutralidade Carbónica para o setor, referindo que “esta posição demonstra falta de conhecimento da realidade da agricultura portuguesa e só pode constituir uma intenção isolada do Ministério do Ambiente no conjunto do Governo”.
Por seu lado, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) acusou esta quarta-feira o ministro do Ambiente de estar a assumir "razias para a produção pecuária nacional a pretexto da redução das emissões de carbono até ao ano de 2050".
(Última atualização às 20h37 - Corrige percentagem no primeiro parágrafo)
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