Numa nota aos diocesanos de Lisboa sobre a atual situação sanitária, publicada no site do Patriarcado, D. Manuel Clemente esclarece que é necessário, no contexto da Igreja, "atender a todas as indicações das autoridades sanitárias e civis, para prevenir situações de risco", referindo contudo que não se deixa de "viver o atual momento com fé no Deus da vida, que nunca abandona ninguém, sobretudo nas ocasiões mais difíceis".
Referido a oração dos crentes "por todos, em especial pelos profissionais de saúde e pelos doentes e suas famílias", o Patriarca de Lisboa assegura que todas as pessoas "poderão contar com a generosidade dos sacerdotes, diáconos e agentes pastorais, que nunca deixarão de acompanhar quem precisa de apoio humano ou sacramental", como havia pedido na segunda-feira o Papa Francisco.
Contudo, é solicitada "a prudência necessária para não prejudicar direta ou indiretamente ninguém", dado o risco de contágio do novo coronavírus. Além disso, o Patriarca referiu ainda que "são de adiar as celebrações penitenciais com confissões e não se deve recorrer à absolvição geral".
D. Manuel Clemente recordou também as indicações dadas pela Conferência Episcopal Portuguesa, no início de março, a propósito de medidas a ter nas celebrações e dentro das igrejas, "designadamente quanto à comunhão na mão e à omissão do abraço da paz e da água benta nas respetivas pias. Igualmente, outras que têm sido dadas sobre não beijar imagens e a maior distância e resguardo na administração da reconciliação sacramental", pode ler-se na nota.
Por fim, o Patriarca de Lisboa alertou ainda que devem ser seguidas "as determinações das autoridades nacionais e concelhias sobre espaços públicos e eventos em geral", afirmando que nos locais "onde se encerrarem escolas, devem suspender-se as catequeses e outras ações pastorais que envolvam grupos mais numerosos".
Devem ainda ser cumpridas "as indicações quanto a visitas a estabelecimentos de saúde e prisionais, bem como a lares e residências. Quanto às celebrações em templos, também se seguirão prudentemente as diretivas das autoridades, imediatas ou subsequentes", remata.
O número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, que causa a doença Covid-19, subiu para 59 em Portugal, mais 18 do que os contabilizados na terça-feira, anunciou hoje a Direção-Geral da Saúde (DGS).
De acordo com o boletim sobre a situação epidemiológica em Portugal, divulgado hoje, há 83 casos que aguardam resultado laboratorial. No total, desde o início da epidemia, registaram-se 471 casos suspeitos.
É o maior aumento diário de pessoas infetadas desde o início da epidemia.
Segundo a DGS, há ainda 3.066 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde, um aumento face aos 667 divulgados na terça-feira.
Há um caso confirmado de um menino com menos de dez anos internado e 11 casos de jovens entre os dez e os 19 anos.
Existem também sete doentes acima dos 70 anos, dois dos quais relativos a homens com mais de 80 anos.
É entre a população com idades entre os 40 e os 49 anos que se registam mais casos (16 casos), seguindo-se a faixa etária entre os 60 e os 69 anos (seis casos).
Há ainda quatro jovens entre os 20 e os 29 anos, adianta o boletim da DGS, que aponta ainda nove doentes com idades entre os 30 e os 39 anos.
Apenas dois dos 59 doentes infetados não estão internados.
A região Norte continua a ser a que regista o maior número de casos confirmados (36), seguida da Grande Lisboa (17) e das regiões Centro e do Algarve, ambas com três casos confirmados da doença.
Segundo o mapa disponibilizado pela DGS, continua a não haver casos registados no Alentejo e Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.
Os dados da DGS adiantam que nove casos resultam da importação do vírus de Itália, dois de Espanha e um continua em investigação relativamente à origem da Alemanha ou da Áustria.
De acordo com a Direção-Geral da Saúde, “há seis cadeias de transmissão ativas”, uma situação que se mantêm igual à reportada na terça-feira.
Tosse é o sintoma mais apontado (66%), seguido de febre (47%), dores musculares (46%), dores de cabeça (42%), fraqueza generalizada (31) e dificuldades respiratórias (10%).
A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e até ao momento cerca de 114 mil pessoas de mais de cem países foram infetadas, mas a maioria (mais de 63 mil) já recuperou.
O novo coronavírus provocou até ao momento mais de quatro mil mortos.
Nos últimos dias, a Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China, estando neste momento em quarentena.
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