Os dados constam do relatório de 2024 da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a tuberculose hoje divulgado e que indica que 10,8 milhões adoeceram no último ano, um ligeiro aumento face aos 10,7 milhões de 2022, mas superior aos 10,4 milhões de 2021 e aos 10,1 milhões de 2020, anos de maior incidência da covid-19.
Apesar de o número estar a crescer desde 2020, a OMS conclui que o aumento global de pessoas que ficaram doentes com tuberculose, iniciado durante a pandemia da covid-19, começou a abrandar e estabilizar.
“No entanto, em 2023, a tuberculose voltou provavelmente a ser a principal causa de morte no mundo devido a um único agente infeccioso, após três anos em que foi substituída pela doença do coronavírus covid-19, e causou quase o dobro das mortes que o VIH/SIDA”, alerta o estudo.
De acordo com as estimativas da OMS, a tuberculose causou cerca de 1,25 milhões de mortes em 2023, entre as quais 161 mil de pessoas com VIH, quando tinham sido 1,32 milhões em 2022.
Sem tratamento, a taxa de mortalidade por tuberculose é elevada, rondando os 50%, mas com as terapêuticas atualmente recomendadas pela OMS cerca de 85% das pessoas com tuberculose podem ser curadas, salienta ainda o relatório que é publicado anualmente desde 1997.
O documento indica também que, em 2023, cinco países representaram 56% do total mundial de casos: Índia (26%), Indonésia (10%), China (6,8%), Filipinas (6,8%) e Paquistão (6,3%) e que 55% das pessoas que desenvolveram tuberculose eram homens, 33% mulheres e 12% crianças e adolescentes.
Já por regiões, a maioria das pessoas que desenvolveram a doença em 2023 encontrava-se no Sudeste Asiático (45%), em África (24%) e no Pacífico Ocidental (17%) e com menores percentagens no Mediterrâneo Oriental (8,6%), nas Américas (3,2%) e na Europa (2,1%).
A redução líquida do número global de mortes entre 2015 e 2023 foi de 23%, quase um terço do objetivo definido na estratégia da OMS de uma diminuição de 75% dos óbitos até 2025, com os avanços mais significativos a serem registados nas regiões africana e europeia.
Os Estados-membros da OMS e da ONU comprometeram-se pôr fim à epidemia da doença, através da adoção de uma estratégia que prevê para 2030 uma redução de 90% no número de mortes e de 80% na taxa de incidência da doença, em comparação com os níveis de 2015.
“Acabar com a tuberculose continua a ser um objetivo longínquo, mas depois de graves reveses durante os piores anos da pandemia da covid-19, existem várias tendências positivas”, realça o relatório da OMS.
A única vacina licenciada para a prevenção é feita a partir do bacilo de Calmette-Guérin (BCG), uma forma enfraquecida da bactéria que causa a doença, e foi desenvolvida há quase 100 anos, permitindo prevenir formas graves de tuberculose em crianças.
Atualmente não existe nenhuma vacina licenciada que seja eficaz na prevenção da tuberculose em adultos, mas estão em ensaios avançados diversas novas vacinas com “resultados promissores”, adianta a OMS.
A tuberculose é uma doença infecciosa que se transmite maioritariamente por via inalatória, ou seja, pela inalação de gotículas expelidas pela pessoa doente quando tosse, fala ou espirra.
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