Em declarações à agência Lusa, Telmo Correia considerou que “A Festa do Avante! não é só um festival político com mais de cinco mil pessoas, a Festa do Avante!, convém lembrá-lo, é a maior máquina financiadora e branqueadora do financiamento do PCP”, na qual o partido “obtém financiamento com regras diferentes daquelas que são aplicáveis a todos os outros partidos e as receitas tornam-se obviamente incontroláveis”.
“E por isso mesmo esta festa tem a importância que tem para o Partido Comunista Português e o Governo, na sua cumplicidade, numa lógica de amiguismo com um partido que tem sido apoiante do Governo, está a empurrar com a barriga e a fechar os olhos”, criticou.
Telmo Correia destacou igualmente que seria importante saber se o Presidente da República “terá ou não opinião”, uma vez que esta é “obviamente uma questão de interesse nacional”.
O líder parlamentar democrata-cristão defendeu igualmente que é necessário saber “se há ou não portugueses que não tenham de cumprir com essa regras ou para quem as regras sejam diferentes de todos os outros” quando existem limitações para “tantos jovens que gostariam de ter festivais de verão” e numa altura em que “os portugueses que estão a cumprir exemplarmente com as regras”.
Na ótica do CDS, o executivo liderado pelo socialista António Costa está a “permitir a uns o que proibiu a todos os outros”, e Telmo Correia lembrou que os jogos finais da Liga dos Campeões estão a decorrer em Lisboa sem a presença de público dos estádios.
O líder parlamentar lembrou que em 11 de maio o CDS dirigiu ao primeiro-ministro um requerimento sobre a realização da Festa do Avante! quando os festivais de música foram cancelados, devido à pandemia de covid-19, mas não obteve resposta.
Por isso, o partido vai hoje entregar na Assembleia da República um novo requerimento sobre este assunto, pergunto “como é possível, estando proibidos todos os festivais, que este seja autorizado, e exigindo ao Governo que cumpra as suas obrigações legais, de responder a um requerimento”.
Esta semana, a Juventude Popular (JP) - estrutura que representa os jovens do CDS - lançou um abaixo assinado no qual solicita ao Governo que "não autorize a Festa do Avante, nos termos e nos moldes em que esta se encontra anunciada".
O documento conta já com mais de 3.800 subscritores e, segundo avançou à Lusa o presidente da JP, estará disponível para ser assinado até duas semanas antes da festa, altura em que Francisco Mota quer entregá-lo ao primeiro-ministro.
Na semana passada, o Presidente da República defendeu que todos os grandes eventos previstos para Portugal são "bem-vindos", desde que respeitem as regras de saúde pública, recusando comentar em particular a Festa do Avante!, agendada para setembro.
Na quarta-feira, a ministra da Saúde, Marta Temido, defendeu que a lotação da Festa do Avante!, organizada pelo PCP, terá este ano que ser inferior à capacidade máxima de 100 mil pessoas do recinto no Seixal, por causa da covid-19.
“É evidente que estamos a falar, teremos que falar de outros números”, declarou Marta Temido na conferência de imprensa de acompanhamento da pandemia, acrescentando: “compreendo que se fale de um número de 100 mil, na medida do que será a licença de utilização, mas estamos num momento específico, num contexto específico”.
A ministra assegurou que à organização da Festa do Avante! "não será permitido o que está proibido, nem proibido o que está permitido” e que “não haverá exceções” às regras adotadas pelas autoridades de saúde para conter o contágio pelo novo coronavírus.
Na organização da Festa do Avante!, este ano entre 4 e 6 de setembro, no Seixal, e que é uma iniciativa política que inclui tradicionalmente concertos, exposições, debates, espaços de restauração e espaços de campismo para os espetadores, tem havido reuniões de responsáveis do PCP com técnicos da Direção-geral da Saúde.
Na conferência de imprensa de apresentação da Festa do Avante! deste ano, no passado dia 04, o principal responsável da organização, Alexandre Araújo, garantiu que serão cumpridas escrupulosamente as regras de distanciamento e higiene impostos pelas autoridades.
Comentários