No final da conferência de líderes que se reuniu extraordinariamente com o objetivo único de analisar o pedido do CDS-PP, o deputado centrista Telmo Correia anunciou a rejeição da proposta, lamentando a decisão que considerou ser "um erro".
Segundo Telmo Correia, o único partido que, para além do CDS-PP, votou favoravelmente o pedido dos centristas foi o PSD, tendo todos os restantes rejeitado o requerimento.
O ponto único da convocatória desta reunião foi a apreciação do requerimento do CDS-PP para que se realizasse uma comissão permanente extraordinária, na qual o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, prestasse esclarecimentos sobre a situação da ferrovia.
"A questão da ferrovia é uma questão que tem sido grave já há muito tempo a esta parte. Um problema que se tem vindo a arrastar, mas é um problema que, de há uns meses a esta parte, tem atingido uma situação insustentável para milhares e milhares de portugueses", sublinhou Telmo Correia.
Pelo PCP, o líder da bancada comunista João Oliveira justificou a recusa do requerimento argumentando que, "mais do que serem discutidos à pressa, os problemas sérios da ferrovia precisam de ser discutidos convenientemente e de forma aprofundada".
"Em junho, quando era possível ter tomado medidas, o PCP apresentou propostas para isso, suscitou a discussão. É pena que nessa altura o CDS se tivesse concentrado na Linha de Cascais e não quisesse saber do resto dos problemas da ferrovia e não tenha sequer acompanhado as propostas do PCP porque votou contra elas", criticou, considerando que os centristas estão a tentar "sacudir a água do capote" com estas "manobras".
Na mesma linha, o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, sublinhou que, quando se ouve "um dos altos dirigentes do CDS-PP falar dos problemas da ferrovia e logo a seguir dizer que o caminho poderia ser o das concessões ou da privatização", mais uma vez "é o negócio que está a imperar nas intenções que o CDS-PP traz para o debate político".
"Sobre essa matéria o país já está escaldado. O CDS-PP não conta com o BE para fazer da Assembleia da República um palco para a discussão da privatização da CP ou da concessão de serviços ferroviários", garantiu.
Já o líder da bancada do PSD, Fernando Negrão, explicou que "a Assembleia da República está dotada de um instrumento que é a comissão permanente" e que se tem assistido "nas últimas longas semanas a um problema muito grave que é o estado da ferrovia".
"Temos um problema grave que é a destruição ou o caminho para a destruição de uma empresa importantíssima que é a CP. Na nossa opinião justificava-se a reunião da comissão permanente para discutir exclusivamente o problema da ferrovia em Portugal", sublinhou.
Pelo PS, o deputado Pedro Delgado Alves considerou que este "é um dossiê no qual o CDS devia ter algum pudor na forma como o aborda uma vez que sabe as responsabilidades que exerceu" em matéria de ferrovia quando esteve no Governo e o que prejudicou este setor.
"Não queria ser injusto para o CDS e dizer que o CDS acordou agora para o tema, como se tem sublinhado, porque o CDS tem estado bem acordado para o tema ao longo do período em que esteve no Governo. Aliás, se recordarmos a responsabilidade direta de um ministro do CDS que na altura se vangloriava e sublinhava a importância da redução de cerca de três mil trabalhadores no setor ferroviário", criticou.
A deputada do PEV Heloísa Apolónia recordou que "se há matéria relativamente à qual Os Verdes têm dado prioridade é a ferrovia ao longo de muitos anos e de muitas legislaturas".
"O CDS-PP, ao que parece, acordou agora para esta questão e quer desvincular-se de toda a responsabilidade que tem no desinvestimento da ferrovia", lamentou, adiantando que o PEV no próximo Orçamento do Estado vai "batalhar no sentido que haja maior investimento na ferrovia".
[Notícia atualizada às 20:00]
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