Num requerimento enviado ao gabinete da ministra Marta Temido, o grupo parlamentar do CDS-PP exige saber “quantos doentes tiveram os seus tratamentos de radioterapia adiados e por quanto tempo”.
Em causa está o facto de um aparelho destinado à radioterapia, ou seja, utilizado em tratamentos oncológicos no Hospital de São João, ter estado avariado durante cerca de quatro a cinco meses entre o último trimestre do ano passado e fevereiro deste ano.
A situação é descrita numa deliberação da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) que alertou para “a especificidade e urgência do tratamento em causa”, apontando que esta “não se compatibiliza com a imprevisibilidade de avaria do equipamento e o impedimento da prossecução daquele tratamento”.
Esta manhã, em conferência de imprensa, o presidente do conselho de administração do CHUSJ, Fernando Araújo, confirmou “a avaria de um aparelho muito antigo” que “não tinha a robustez necessária para funcionar em contínuo”, adiantando que o novo custou cinco milhões de euros e “terá capacidade para tratar 28.000 doentes, cerca de 120 pessoas por dia”.
“É verdade que o equipamento esteve avariado durante meses e é verdade que vários doentes foram transferidos para outras instituições de forma a serem tratados em tempo útil, mas não temos informação específica de algum doente que tenha tido um impacto clínico negativo por causa deste problema”, garantiu Fernando Araújo.
O responsável estimou que “durante o período mais crítico” tenham sido transferidos “cerca de 60 doentes por dia” e admitiu que “a transferência de doentes impactou negativamente na sua qualidade de vida” por se tratar de “uma situação que causa desconforto”, mas reforçou que “está tudo ultrapassado”.
Mas, o CDS-PP quer que o impacto desta situação seja apurado e divulgado e quer esclarecer o porquê da demora na troca de equipamento.
“[O Ministério da Saúde] está em condições de assegurar que nenhum doente oncológico teve, conforme afirmam as notícias, ‘menos tempo de vida’ em consequência destes atrasos na realização dos tratamentos?”, lê-se no requerimento do CDS-PP.
Os centristas exigem ainda saber o porquê de, “estando este aparelho de radioterapia do Hospital de São João avariado”, este não foi “de imediato” substituído para que, continua o texto do CDS-PP, “os doentes oncológicos não fossem prejudicados”.
“Em que outros hospitais estão detetados problemas semelhantes?” é a última pergunta do grupo parlamentar do CDS-PP dirigida à tutela.
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