Os residentes locais da cidade de Lufeng, na província de Guangdong, a cerca de 160 quilómetros de Hong Kong, foram convidados, através de uma nota oficial que circulou nas redes sociais, no passado sábado, dia 16 de dezembro, a assistir ao julgamento público de 12 acusados por crimes de venda de droga, assassínio e roubo.
No estádio de Donghai, perante uma plateia de milhares, onde, segundo o jornal The Guardian se incluíam estudantes das escolas em redor, ainda com os seus uniformes vestidos, 12 pessoas foram julgadas.
Dos 12 acusados, 10 foram condenados à morte, de acordo com o noticiado domingo pelo Global Times, a edição em inglês do Diário do Povo, o principal órgão de comunicação social do Partido Comunista Chinês.
O julgamento decorreu a cargo de dois tribunais de Guangdong, o de Shanwei e o de Lufeng, e resultou na condenação à pena de morte de sete acusados por venda de droga, enquantos os outros três foram acusados pelos crimes de assassínio e roubo.
As penas foram executadas noutro local, momentos depois de os condenados saírem do estádio.
Esta não é a primeira vez que a cidade de Lufeng assiste a uma sentença pública, e execuções subsquentes. Há cinco meses, oito pessoas foram também condenadas à morte e executadas sumariamente num julgamento público, semelhante ao realizado no passado sábado.
Há três anos, Lufeng era considerado um epicentro de drogas no país, tendo-se tornado notícia no ano de 2014 quando 3 mil polícias, numa mega operação anti-droga realizado na cidade chinesa, detiveram 182 pessoas. Recorda o jornal britânico que, na altura, foram confiscadas três toneladas de metanfetamina cristalina, com as autoridades a afirmarem que aquela área era responsável pela produção de um terço da metanfetamina produzida em território chinês.
A República Popular da China executa mais pessoas do que o resto do mundo. Embora o número exato não seja público, e seja considerado segredo de Estado, estima-se que cerca de duas mil pessoas foram executadas no último ano, segundo a Dui Hua Foudation, uma ONG de direitos humanos com base nos Estados Unidos. Em 2016, em todo o mundo, cerca de 1500 pessoas foram executadas segundo números da Amnistia Internacional.
Embora execuções de penas de morte na China sejam raras, o sistema judicial chinês reavivou-as nos últimos anos como forma de combater o terrorismo, sobretudo a oeste da região de Xinjiang.
A tendência de reintroduzir ensaios de sentenças ao ar livre é uma reminiscência dos primeiros dias da República Popular, quando os capitalistas e proprietários de terras foram denunciados publicamente.
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