Pequim enfrenta crescente pressão diplomática devido às acusações de que mantém detidos cerca de um milhão de membros da minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigur em centros de doutrinação política em Xinjiang.
A região converteu-se já num estado policial, com pontos de controlo e câmaras de circuito fechado equipadas com reconhecimento facial dispostas nas ruas e edifícios.
A BBC informa que numa cidade da região mais de 400 crianças perderam um ou ambos os pais, que foram detidos nos campos de doutrinação, onde são forçados a criticar o islão e a sua própria cultura e a jurar lealdade ao Partido Comunista Chinês (PCC), segundo antigos detidos, numa reminiscência da Revolução Cultural (1966-1976), lançada pelo fundador da República Popular da China, Mao Zedong.
O sistema de controlo na região, onde os jornalistas estrangeiros são acompanhados 24 horas por dia, torna impossível ter depoimentos diretos, mas a BBC conseguiu constatar fontes na Turquia, onde muitos dos uigures se têm refugiado, devido às semelhanças culturais e linguísticas.
O Governo chinês, que primeiro negou a existência destes campos, afirmou, entretanto, tratarem-se de centros de formação vocacional que visam integrar os uigures na sociedade.
As fontes foram entrevistadas pela BBC em Istambul e relataram a perda dos seus filhos em Xinjiang.
"Eu não sei quem é que está a tomar conta deles", afirmou uma das mães. Outra mãe afirmou que os seus filhos terão sido levados para um orfanato.
Em sessenta entrevistas separadas, pais e outros parentes relataram o desaparecimento de mais de 100 crianças em Xinjiang.
Em 2009, a capital do Xinjiang, Urumqi, foi palco dos mais violentos conflitos étnicos registados nas últimas décadas na China, entre os uigures e a maioria Han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional.
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