“Há um risco acrescido de não haver um número suficiente de médicos [cirurgiões] no serviço de urgência de cirurgia, o que faz com que esteja em perigo a realização de operações de urgência”, afirmou à agência Lusa o secretário regional do Alentejo do SIM, Armindo Ribeiro.
Contactado pela Lusa, o conselho de administração do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) indicou que o serviço de cirurgia “é composto por 19 cirurgiões e nove internos” e que “apenas três cirurgiões não realizam serviço de urgência: dois por terem idade superior a 55 anos e um por motivos de saúde”.
Segundo o hospital alentejano, o serviço de urgência de cirurgia funciona, de forma presencial e diariamente, com três elementos, sendo que dois realizam turnos de 24 horas e o outro cumpre um turno das 08:00 às 20:00.
“Além destes elementos, há ainda um cirurgião de prevenção e, em paralelo, há mais um especialista que assegura a urgência interna nas enfermarias, dando apoio à equipa do serviço de urgência externa, sempre que necessário”, acrescentou o HESE.
Nas declarações à Lusa, o dirigente do SIM referiu que o serviço de cirurgia do HESE “é composto por médicos que já têm uma idade muito avançada”, pelo que estes profissionais, “se quiserem, podem deixar de fazer serviço de urgência”.
“Não tem havido investimento nos recursos humanos. Se fosse aplicada a lei, o serviço de urgência estaria ainda mais desfalcado do que tem estado nos últimos anos”, advertiu o secretário regional do Alentejo do SIM.
Armindo Ribeiro adiantou que, apesar do “esforço dos médicos”, o serviço de urgência do HESE “tem dias em que não consegue cumprir com as normas estabelecidas”, nomeadamente ter “três cirurgiões em escala para o serviço de urgência”.
“Quando tem uma escala com um ou com dois cirurgiões significa que não há garantia de segurança nem para os médicos e, muito menos, para o atendimento dos doentes”, sublinhou.
O dirigente do SIM falava à Lusa a propósito de uma nota publicada na página de Internet do sindicato sobre a cirurgia do serviço de urgência do HESE, onde se afirma que “na esmagadora maioria dos dias” as escalas “estão abaixo das recomendações técnicas da Ordem dos Médicos”.
“Os cirurgiões não devem fazer ao mesmo tempo urgência interna, urgência externa e, em alguns dias, até ortopedia”, realça o sindicato na nota, considerando que a situação “põe em perigo os utentes e os médicos, aumentando o risco do erro médico”.
De acordo com o SIM, “os cirurgiões, muitos dos quais com mais de 50 anos, já fizeram centenas de horas a mais do que obriga o seu horário de trabalho e, por isso, não se lhes pode pedir ainda mais trabalho”.
“Se nada for feito, há a séria probabilidade de ser impossível garantir o funcionamento da urgência durante as 24 horas”, acrescenta.
O Sindicato Independente dos Médicos apelou ao conselho de administração do HESE para que apresente soluções para ultrapassar o problema e adiantou que vai reportar a situação à Ordem dos Médicos.
No final de agosto, o Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) já tinha alertado que a urgência pediátrica do HESE estava “em risco de encerrar por falta de médicos” e o PCP questionado o Ministério da Saúde sobre o assunto.
Posteriormente, o HESE assumiu a falta de pediatras na urgência pediátrica, devido a baixas médicas e à rescisão de contrato de três profissionais, mas garantiu a continuidade do atendimento aos utentes.
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