Em comunicado, a CCT diz que “não alcança o alcance pretendido” com as declarações de Filipe Silva sobre a elevada tributação da Galp e aponta para “as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores, esses sim, soterrados pelos impostos”, face aos “resultados milionários apresentados pelo grupo”.
A comissão de trabalhadores da empresa diz que os comentários do presidente da comissão executiva da Galp foram “muito para lá do aceitável” por misturarem os investimentos na refinaria de Sines com os impostos pagos.
“É inaceitável que a Administração jogue aos dados com assuntos tão sérios como os investimentos para tentar daí retirar ganhos fiscais”, atirou, defendendo que os investimentos “são críticos para assegurar o futuro de uma instalação industrial tão importante” como a localizada em Sines.
A CCT acusa ainda a administração da Galp de não se preocupar com a transição energética ou com o futuro da empresa.
“Tudo se resume ao dinheiro público – PRR e isenção de impostos –, que chova lá no quintal não só para pagar os investimentos como também para subsidiar os novos combustíveis de forma a assegurar o bolo cada vez maior entregue aos acionistas”, referem no comunicado.
Os representantes dos trabalhadores invocaram, também, as declarações do ministro da Economia, António Costa Silva, no parlamento, que considerou que o encerramento da refinaria de Matosinhos “é um problema” e que "se está a tentar pressionar" a Galp a readmitir os seus trabalhadores.
“Os trabalhadores têm de ser tratados com dignidade e com a preservação dos seus direitos”, afirmou o ministro.
“As várias declarações públicas da administração tiveram uma resposta do ministro da economia, atacando o ponto fraco do encerramento da refinaria do Porto e defendendo a reintegração dos trabalhadores despedidos pela empresa, algo que a CCT defende desde o início”, assinalou a comissão de trabalhadores da Petrogal.
Na passada quinta-feira, Filipe Silva afirmou que a empresa está a tentar que a refinaria de Sines "não sofra os mesmos efeitos que Matosinhos", frisando que precisa de investir e de um ambiente competitivo justo.
"A concentração da atividade de Matosinhos em Sines também não é um 'silver bullet' [bala de prata]. Estamos desde hoje a tentar assegurar que a refinaria de Sines não sofra os mesmos efeitos que Matosinhos", disse o presidente executivo da empresa.
Segundo Filipe Silva, que falava na Grande Cimeira do Fórum Sustentabilidade e Sociedade, que decorreu na quinta e sexta-feira nos Paços do Concelho de Matosinhos, no distrito do Porto, será necessário à Galp "apostar muito dinheiro para reconverter a própria refinaria de Sines", no distrito de Setúbal.
"Vamos ter que investir muito dinheiro em Sines. Muito dinheiro", reforçou, assinalando que "Matosinhos continua a funcionar como grande parque logístico, a abastecer todo o Norte do país e parte de Espanha", mas quando a parte industrial fechou "as emissões da Galp caíram 25%", pelo que ainda há 75% das emissões operacionais "que têm de ser objeto de redução".
Filipe Silva calculou em 2,2 mil milhões de euros de investimentos o "compromisso que a Galp vai pôr para descarbonizar Sines, de longe o maior projeto industrial jamais visto" em Portugal, garantindo que seria "tudo" pago pela empresa.
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