Num discurso ouvido em silêncio no segundo dia do XII congresso do PCP, em Loures, Lisboa, o eurodeputado comunista falou apenas do “mal” de Marcelo durante os últimos cinco anos, sem nunca mencionar o seu nome.
Há "valores de Abril" na Constituição que o atual Presidente ignorou e teve, acusou, "uma ação que contribuiu, direta ou indiretamente, para degradar as condições de vida dos trabalhadores.
Esta foi a primeira falha, seguindo-se o que fez para "conter e nunca para promover a evolução dos salários, num país em que muitos empobrecem a trabalhar", para "por em causa o Serviço Nacional de Saúde, caucionando o desvio de recursos públicos para alimentar o negócio da doença".
Os outros falhanços, na leitura de Ferreira, foi tomar partido pelos “interesses dos grupos económicos e financeiros”, lembrar-se apenas do “interior abandonado”, mas “depois da catástrofe” dos incêndios e não valorizar “a Cultura e quem nela trabalha”.
Por fim, Marcelo Rebelo de Sousa, “num momento crítico”, ajudou a “fragilizar direitos, liberdades e garantias, intrínsecos ao regime democrático, algo que a emergência sanitária não justifica”.
Ao invés, um Presidente da República deve “mobilizar o povo português” na defesa da “valorização do trabalho e dos portugueses”, no reforço dos serviços público e do SNS ou ainda no “aprofundamento da democracia e no fortalecimento das suas raízes na sociedade portuguesa”.
Estes são valores inscritos "nas páginas na Constituição" e não podem ser "letra morta como alguns querem", disse.
João Ferreira fez ainda um ataque aos partidos de direita, com uma referência implícita à extrema-direita e ao Chega, que não nomeou.
"Os problemas estruturais que Portugal arrasta não serão resolvidos com a política de direita que os criou, nem obviamente com as variantes demagógicas, populistas e assumidamente antidemocráticas dessa política.
Pelo contrário, os problemas “resolvem-se com a ação determinada” do povo, acrescentou.
“Um povo que aclamou o Mestre de Avis, resgatou do domínio espanhol a independência nacional, derrubou uma monarquia decrépita e instaurou a República, combateu o fascismo e forjou esse tempo luminoso de Abril, saberá encontrar e percorrer os caminhos do desenvolvimento e do progresso, que concretizem as suas mais fundas aspirações”, disse.
Aplaudido de pé no início e no final, João Ferreira disse ser necessário "abrir um horizonte de esperança na vida deste país" nestas eleições.
"Seja pelo conteúdo concreto dos poderes do Presidente da República, seja pela dinâmica que estas eleições comportam e induzem, elas não deixarão de influenciar significativamente, para o bem ou para o mal, o curso da vida nacional", alertou o candidato presidencial do PCP.
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