O anúncio foi feito pelo ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, e pelo presidente da câmara de Lisboa, Fernando Medina, numa conferência de imprensa que incluiu uma visita ao estaleiro de obras.
A construção do Palácio Nacional da Ajuda estava incompleta há mais de 200 anos – a primeira pedra foi colocada em 1795 -, sendo agora concluída a fachada poente do edifício com um projeto “de desenho e expressão contemporânea” assinado pelo arquiteto João Carlos Santos.
É nessa ala poente que ficará instalada a Exposição Permanente do Tesouro Real, com milhares de exemplares das joias da coroa e tesouros da ourivesaria da Casa Real, num espaço expositivo que será uma caixa forte com apertadas medidas de controlo e de segurança.
O atual projeto de conclusão do palácio já tinha sido revelado em setembro de 2016 e na altura o orçamento rondava os 15 milhões de euros, subindo agora para os 21 milhões de euros. A conclusão estava prevista para dezembro deste ano, mas foi agora adiada para o primeiro trimestre de 2020.
Aos jornalistas, Fernando Medina disse que este é “um projeto único” para “um dos palácios mais emblemáticos do país”, enquanto o ministro da Cultura afirmou que, depois de sucessivas tentativas ao longo de dois séculos, é superada “a maldição do arquiteto, porque há uma vontade política. (…) É um grande projeto turístico e cultural”.
Por seu lado, o diretor-geral da Associação Turismo de Lisboa, Vítor Costa, explicou que a conclusão da obra ficará mais cara porque incluirá a requalificação do espaço público envolvente, nomeadamente na Calçada da Ajuda, e será criado “um restaurante de grande categoria”.
A estas duas razões junta-se mais uma: O projeto “em termos de segurança é muito particular e rigoroso” e foi necessário acrescentar materiais e soluções por recomendação de um consultor internacional, disse Vítor Costa.
Dos 21 milhões de euros estimados para a obra, quatro milhões de euros serão suportados pelo Ministério da Cultura e cinco milhões de euros pela Associação Turismo de Lisboa.
Os restantes 12 milhões de euros sairão do Fundo de Desenvolvimento Turístico de Lisboa, ou seja, com verbas provenientes da cobrança da taxa turística em Lisboa. É a primeira vez que essa taxa é aplicada na área da cultura e do património.
Com um projeto museográfico do ‘designer’ Francisco Providência, o museu terá um percurso que serpenteia dentro da caixa forte, exibindo, por exemplo, 900 exemplares de joalharia real, 830 de joias do quotidiano, pratas utilitárias e decorativas, peças de ordens e condecorações, documentação e iconografia.
Questionado pela Lusa, o arquiteto João Carlos Santos disse que a expectativa é que o museu acolha 250 mil visitantes por ano. Por razões de segurança e limitações do percurso expositivo, só deverá permanecer na caixa forte cerca de uma centena de pessoas.
Segundo o projeto revelado hoje, a entrada terá detetor e metais e raio-x.
Em 2016, Luís Filipe Castro Mendes disse aos jornalistas que a criação deste novo espaço museológico iria contribuir para um alargamento do então denominado eixo Belém-Ajuda, um plano preconizado pelo anterior administrador do Centro Cultural de Belém (CCCB), António Lamas, em torno de vários equipamentos culturais daquela zona.
Dois anos depois, já com Elísio Summaville à frente do CCB, o ministro da Cultura disse hoje que “o eixo não era adequado”, enquanto Fernando Medina elencou a valorização de uma série de espaços culturais que se estendem até ao rio Tejo, nomeadamente o Museu Nacional de Etnologia, o Museu Nacional dos Coches, o Padrão dos Descobrimentos, o Jardim Botânico Tropical e o futuro Pavilhão Azul, com a coleção particular de arte de Julião Sarmento.
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