“Não vou candidatar-me à terceira eleição. Não vou, por razões puramente pessoais, as mesmas razões pelas quais me candidatei em dezembro e, agora, são as mesmas razões, pelas quais tenho de guardar reserva”, afirmou António Correia de Campos.
A Assembleia da República voltou a ‘chumbar’ na sexta-feira o nome de Correia de Campos para um segundo mandato na presidência do CES, depois de uma primeira recusa em dezembro do ano passado.
Correia de Campos disse aguardar que seja encontrado o seu sucessor, sem pedir qualquer celeridade no processo e recusando qualquer mágoa.
“Vivemos num processo democrático, a Assembleia da República [AR] é um órgão de soberania, tem regras constitucionais para a designação de certos órgãos, como é o caso da presidência do CES, essas regras são muito exigentes, impõem uma maioria de dois terços”, declarou.
“Foram totalmente cumpridas essas regras, não foi eleito o candidato apresentado, ponto final. Não tenho de ter nenhuma mágoa nem nenhuma satisfação, o meu papel é respeitar totalmente a deliberação da AR, naturalmente”, sublinhou.
Questionado igualmente sobre a necessidade de um processo célere para a sua substituição, o antigo ministro respondeu: “Não tenho nenhuma reclamação a fazer, nem nenhuma declaração a apresentar, a AR tem, como órgão de soberania, os seus tempos de processamento, é conhecido que é uma eleição exigente, que exige maioria qualificada, de dois terços”.
“Portanto, a AR saberá encontrar o momento em que se possa pôr de acordo para eleger o meu sucessor”, acrescentou.
Correia de Campos faz um balanço positivo do seu mandato à frente do CES, considerando que contou com “muita sorte” no contexto em que exerceu as suas funções.
“Foi um mandato em que tivemos um período de grande relaxamento social, baixou o nível de conflitualidade social. A essa redução da conflitualidade não é estranho o facto de ter melhorado fortemente o clima económico e ter havido aumentos de vencimentos e melhorias das condições sociais, e, também, o facto de termos na Presidência da República o professor Marcelo Rebelo de Sousa, que imprimiu um cunho de estabilidade relacional com todos os parceiros, de que o CES certamente também beneficiou”, sustentou.
António Correia de Campos, indicado pelo PS para um segundo mandato como presidente do CES, falhou pela segunda vez a recondução na sexta-feira.
Depois de em dezembro ter recolhido 125 votos favoráveis de 209 votantes, na sexta-feira apenas teve 110 ‘sim’ em 219 votantes (82 brancos e 27 nulos), também muito distante dos necessários dois terços.
Em 2016, na primeira vez que foi proposto para presidir ao Conselho Económico e Social, Correia de Campos só à segunda tentativa conseguiu alcançar os dois terços necessários dos votos.
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