“Na trajetória de Mário Soares reconhecem-se as qualidades que constituem, no nosso imaginário, um herói: o idealismo, a coragem, a audácia, a tenacidade, a exemplaridade”, salientou António Costa.
O primeiro-ministro falava na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, durante a cerimónia de lançamento do volume zero da coleção intitulada “Obras de Mário Soares”, que irá publicar, ao longo dos próximos anos, a obra escrita do antigo chefe de Estado português.
Segundo António Costa, os volumes em questão permitem reencontrar “o fundador e obreiro do Portugal democrático, autor das suas opções fundamentais, como o fim do regime colonial e a integração europeia”.
“Evocamos aquele que, em tantos momentos decisivos da nossa história contemporânea, foi o rosto e a voz da liberdade, sua causa maior”, frisou.
Questionando se se “pode ser um grande escritor quando se é um herói da própria história”, o primeiro-ministro salientou que a “exigência do trabalho político nem sempre é compatível com o tempo necessário para a escrita”, ficando, “nesse confronto”, a “realização literária em desvantagem”.
No entanto, na ótica de António Costa, Mário Soares comprovou que, “em circunstâncias específicas”, os livros podem “ir além da sua componente de pensamento e de representação, e ter uma participação substancial na ação política”.
“Por vezes, a literatura pode ser o motor da história, a formadora das ideias, a impulsionadora da ação. Foi assim com Mário Soares. (…) Com Soares, a história fez-se literatura: nas páginas que nos deixou e que nos permitem viver hoje uma saborosa liberdade e uma democracia que amamos”, destacou.
António Costa sustentou assim que a publicação da obra escrita de Mário Soares é uma “justa homenagem” a um “personagem excecional”, a quem “os portugueses tanto devem a sua liberdade, e Portugal deve a democracia”.
Além do primeiro-ministro, participaram também na cerimónia de lançamento da coleção, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, as ministras da Cultura, Graça Fonseca, e da Administração do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, e o secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva.
Marcou também presença o presidente da Associação 25 de abril, Vasco Lourenço, o cineasta António-Pedro Vasconcelos, e figuras destacadas do PS, designadamente o seu presidente, Carlos César, os deputados Pedro Delgado Alves, Edite Estrela, Miguel Costa Matos e Jorge Lacão.
Foi hoje lançada a coleção “Obras de Mário Soares”, coordenada pelo escritor José Manuel dos Santo, e que tem como volume zero a primeira tese de licenciatura do ex-presidente e primeiro-ministro português, intitulada “As ideias políticas e sociais de Teófilo Braga com notas de leitura de António Sérgio e cartas sobre a obra”.
A coleção “Obras de Mário Soares” tem uma comissão científica da qual fazem parte vários historiadores e académicos, casos de António Reis, Bernardo Futscher Pereira, David Castaño, Fernando Rosas, Irene Flunser Pimentel, José Manuel dos Santos, José Pacheco Pereira, Maria Fernanda Rollo, Maria Inácia Rezola, Mário Mesquita e Nuno Severiano Teixeira.
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