António Costa referiu estes objetivos ambientais na intervenção de abertura do debate quinzenal, na Assembleia da República, durante o qual reiterou a ideia de Portugal alcançar a neutralidade carbónica em 2050, cumprindo os seus compromissos internacionais neste domínio.
"Ouvimos os apelos dos milhares de jovens que se mobilizaram para a Greve Climática Estudantil. Neste trajeto a 30 anos, faremos da próxima década a mais exigente no combate às alterações climáticas. Portugal chegará a 2030 sem centrais a carvão, com metade das emissões em relação a 2005, com 80% da eletricidade consumida de origem renovável e com um terço da mobilidade de passageiros movida a eletricidade", declarou o primeiro-ministro.
De acordo com António Costa, para ser concretizável o objetivo de atingir a neutralidade carbónica, Portugal tem de "agir de três formas".
"Primeiro, reduzindo emissões e procurando a independência energética. Portugal importa hoje 70 milhões de barris de petróleo por ano. Em 2050 esse número será inferior a 10 milhões, o que representa uma poupança anual de 1,2 mil milhões de euros nas nossas importações", estimou.
O segundo modo de ação, de acordo com o líder do executivo, passará pela "capacidade de sumidouro, que em Portugal é essencialmente de origem florestal".
"Para conseguirmos atingir as nossas metas, a área ardida em fogos rurais terá de ser reduzida para metade. Esta necessidade reforça o compromisso deste Governo com a prevenção e combate, e a certeza de que em dez anos teremos de ter uma nova paisagem rural, com mosaicos adaptados às condições naturais e espécies florestais resistentes ao fogo", apontou antes de falar sobre a importância da aposta na investigação a este nível.
Depois de elogiar as consequências do Plano de Redução de Tarifário nos transportes públicos e de salientar o projeto para a aquisição de 709 autocarros "de elevada performance ambiental", António Costa sustentou que não podem existir dúvidas de que "a forma mais barata de produzir eletricidade em Portugal é a partir de fontes renováveis".
"E na fonte solar esta é uma evidência inequívoca. Por isso, o modelo de leilões em curso, que fixará tarifas abaixo do preço de mercado, é aquele que melhor defende os consumidores e beneficiará empresas e famílias", sustentou.
No seu discurso, António Costa frisou ainda estar em marcha o Programa de Ação para a Adaptação às Alterações Climáticas - "um investimento superior a 700 milhões de euros em adaptação do território, prevenção contra os fogos rurais, rede hidrográfica e melhoria da fertilidade dos solos e nas cidades".
António Costa considerou ainda que o setor público em Portugal tem sido liderante ao nível das transformações.
"Há meses que banimos o uso de plástico descartável no Estado, e iremos antecipar em um ano a diretiva que os proíbe para o mercado em geral. Presentemente, 50% dos carros comprados para o Estado ou para as empresas públicas têm de ser elétricos", completou.
Em termos globais, segundo os dados apresentados pelo primeiro-ministro, "comparativamente a 2005, Portugal reduziu as suas emissões em 22% e aumentou a incorporação de energia renovável em 26%".
"Em 2018, reduzimos o triplo das emissões, quando comparados com a média da União Europeia. E vamos continuar na linha da frente com uma incorporação de energia renovável de 32% em 2020 e de 47% em 2030", acrescentou.
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