"Há especialidades que têm estado excessivamente expostas e não apenas à atividade Covid-19”, sendo o objetivo desta medida “reduzir a carga de trabalho excessivamente concentrada em duas ou três especialidades” que acolhem o maior número de doentes no inverno, afirmou Daniel Ferro à agência Lusa.
Segundo o presidente do conselho de administração do CHLN, o que está previsto no Plano de Inverno é que haja “uma solidariedade dos serviços” para que o trabalho seja repartido de “forma mais equitativa” para não haver serviços a trabalhar a 110% ou 120% e outros a 80% ou 90%.
Sobre o que mudou entre a primeira e a segunda fase da pandemia de Covid-19, disse que o que se procurou foi “ajustar melhor” as estruturas do maior hospital do país.
Na primeira fase, estiveram “muito focadas” no atendimento Covid-19 e nesta altura estão “repartidas por Covid e não-Covid”.
Relativamente aos doentes Covid-19, Daniel Ferro disse que o hospital ainda tem uma margem de aumento de camas de enfermaria e cuidados intensivos, mas lembra que “parte fundamental” da atividade do Santa Maria são os outros doentes.
“Enquanto por dia internamos três ou quatro doentes com Covid-19, internamos uma média de 70 doentes não Covid-19 numa linha de urgência, não fazendo conta com a atividade programada”, realçou.
Pouco a pouco, o hospital foi retomando a atividade programada, estando neste momento similar à que existia antes da pandemia, com 90% a 95%, dependendo das áreas.
“Vamos ver se conseguimos manter-nos” para não ter “uma redução tão grande da atividade, sobretudo cirúrgica”, como aconteceu na primeira fase da pandemia.
Perante a escassez de recursos no mercado, o hospital tem otimizado os processos e “tem tido ganhos na ordem dos 30% nas áreas de internamento principais”, com a redução do tempo médio de internamento.
“O plano é ter o equivalente a cerca de 50 a 70 camas ganhas por eficiência e, se conseguirmos, mais 50 camas abertas de novo. Na certeza, porém, de que todos os recursos que conseguirmos adquirir durante esta fase será ótimo, mas há alguma incerteza quanto a isso”, referiu.
Com o aumento consistente de casos diários de Covid-19, o Santa Maria tem recebidos doentes dos hospitais Amadora-Sintra e do Beatriz Ângelo, em Loures.
“Só na última semana devemos ter recebido 10, 12 doentes dos 60 que temos neste momento internados”, disse, elucidando: “Dos 700 doentes que temos tratado entre 25% a 30% são do corredor Amadora-Sintra ou do corredor Odivelas-Loures”.
O que se tem procurado “é não haver grandes oscilações” entre a ocupação de camas e as solicitações, tendo a disponibilidade do hospital “sido maior em determinados períodos”, de acordo com a capacidades de internamento.
“É neste equilíbrio que temos procurado articular com estes hospitais”, rematou.
Além dos doentes que são transferidos e referenciados por estes hospitais, também há utentes que acedem diretamente ao Santa Maria, onde metade dos doentes internados são de todas as áreas de Lisboa e fora dela.
Fazendo um balanço, deste período, Daniel Ferro considerou que “as coisas têm corrido bem”.
“Os profissionais e os serviços têm respondido bem a todos os nossos apelos e temos articulado com o exterior de forma exemplar e procurado que a nossa capacidade possa estar ao serviço de uma região e não de uma área restrita”, declarou.
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