Segundo a delegada de Saúde regional, comparativamente a períodos anteriores, há agora “uma maior incidência nas crianças”, havendo crianças infetadas que “conseguiram fazer mais de 20 casos secundários”, transmitindo o vírus dentro da própria sala de aula e às suas famílias.
“Notámos nesta fase, a partir de 15 de março, que havia um número maior de crianças positivas do que teria havido em situações anteriores. Imputamos este facto a uma possibilidade de o vírus ter [agora] maior apetência por grupos etários mais novos”, sublinhou Ana Cristina Guerreiro em conferência de imprensa, em Loulé.
No entanto, apesar do aumento do número de casos nas escolas, a responsável salientou que os locais de transmissão do novo coronavírus “continuam a ser, na maior parte das vezes, dentro das casas”, havendo famílias “inteirinhas” infetadas, em parte porque se “perdeu o medo” da doença.
Segundo Ana Cristina Guerreiro, há também registo de um aumento do número de crianças infetadas e que apresentam sintomas, embora seja uma sintomatologia leve, caracterizada por "diarreia, tosse e rinorreia [corrimento excessivo de muco nasal]".
Relativamente ao surto em duas escolas na freguesia do Montenegro, em Faro, Ana Cristina Guerreiro referiu que a situação epidemiológica está “contida” e que as crianças e as suas famílias em isolamento, embora ao longo dos 14 dias de isolamento possam surgir novos casos relacionados com este surto.
O surto, que levou ao encerramento das duas escolas, uma das quais com jardim de infância, na passada sexta-feira, teve origem numa festa de aniversário, tendo sido detetados vários casos, distribuídos por quase todas as salas dos estabelecimentos.
Quanto à possibilidade de o surto se ter disseminado também devido à prática de desporto num clube local, frequentado por crianças daquelas escolas mas que só deveria retomar as atividades em 19 de abril, Ana Cristina Guerreiro disse que “serão tomadas as medidas necessárias” caso se verifique que houve incumprimento.
“Que houve prática de futebol no clube, houve. Que a origem [do surto] está numa festa de anos, também temos a certeza, porque há crianças e adultos positivos que estiveram nessa festa”, referiu a delegada de Saúde regional, notando que a festa terá sido realizada “no espaço do clube”.
Questionada pelos jornalistas sobre a possibilidade de a variante britânica estar relacionada com uma maior incidência do vírus entre os mais jovens, face ao aumento dos contágios entre crianças, Ana Cristina Guerreiro admitiu que “não é fácil” estabelecer essa relação e que a variante “ainda está em estudo”.
“Temos essa intuição, parece-nos que sim, mas terão de ser os investigadores a confirmá-lo”, frisou, acrescentando que as autoridades de saúde pública enviam amostras para o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), que coordena o estudo de monitorização da disseminação do novo coronavírus.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 2.937.355 mortos no mundo, resultantes de mais de 135,9 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal morreram 16.918 pessoas dos 827.765 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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