“O apelo” é para que, “quem está positivo, mas que não necessita de cuidados hospitalares”, permaneça na sua residência, seja domicílio privado, seja lar, “até efetivamente ter sintomas que justifiquem a necessidade de vir à Urgência do hospital”, afirmou a presidente do conselho de administração do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE).
Segundo Maria Filomena Mendes, em declarações aos jornalistas, o que tem vindo a acontecer, nos últimos tempos, é que muita gente” está a ser transportada para aquela unidade, ainda para mais “muito concentrada”.
“Há picos. Chegam muito mais ambulâncias e utentes do que aqueles a que conseguimos dar resposta”, admitiu, indicando ter sido “o caso de ontem [terça-feira]” e da altura em que o HESE teve de “pedir ajuda e muitos doentes foram transportados para outros hospitais”.
No último domingo, em comunicado, o HESE informou que, “devido ao extraordinário aumento de afluxo de doentes” na Área Dedicada aos Doentes Respiratórios do Serviço de Urgência Geral (ADR SU), os doentes com covid-19 ou suspeitos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2 não deviam ser encaminhados para aquela unidade.
No dia seguinte, o HESE voltou a receber estes doentes, depois da normalização do afluxo aos serviços.
Contudo, na terça-feira, uma publicação na rede social Facebook por parte dos Bombeiros Voluntários de Mourão deu conta de que ambulâncias desta corporação tinham estado “retidas” no HESE, “com utentes dentro das mesmas”, durante várias horas, “por não haver espaço na urgência covid”.
“Voltámos a reabrir para todos os doentes covid” e o HESE chegou a ter “quase quatro vezes mais utentes dentro do espaço da Urgência” do que os que tem capacidade para receber, esclareceu hoje a responsável do hospital.
Ora, “não é possível entrarem mais utentes enquanto aqueles [que já lá estão] não tiverem sido examinados” e se perceba “se são doentes que não necessitam de cuidados hospitalares e voltam para o seu domicílio ou se precisam de ficar internados”, explicou.
Assinalando que o afluxo de doentes covid à Urgência aumentou “em 40%”, entre o início e o final de dezembro, Maria Filomena Mendes reconheceu que, desta forma, as ambulâncias das corporações ficam retidas no espaço.
“As ambulâncias ficam inoperacionais porque têm que ficar com os doentes, a aguardar. Por mais instalações que nós pudéssemos criar, não conseguimos dar resposta a este afluxo”, alertou.
Os bombeiros “têm sido excelentes parceiros do hospital”, porque em conjunto se está a tentar “encontrar uma forma de as pessoas não virem todas ao mesmo tempo” e de o HESE conseguir “a capacidade de atendimento na Urgência COVID com as necessidades que as pessoas têm de vir à Urgência”.
Contudo, a responsável do HESE, admitindo que é previsível que, “nos próximos dias e semanas, a situação se agrave”, devido ao aumento do número de infetados na região, apelou ao sentido de responsabilidade de todos.
“Em conjunto com as direções técnicas dos lares e os próprios médicos de família tem de haver uma referenciação para o hospital daqueles que efetivamente necessitam de cuidados hospitalares”, pediu.
Isto porque, “num inverno rigoroso como nós temos e com uma área de abrangência tão grande, é de evitar situações em que os utentes vêm fazer dezenas de quilómetros para, depois, ver que não se justifica e terem de voltar às suas residências”, frisou.
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