“A EMA está a acompanhar de muito perto a situação no que diz respeito às variantes de vírus. A agência solicitou a todos os fabricantes de vacinas que investiguem se a sua vacina pode oferecer proteção contra quaisquer novas variantes, por exemplo, as identificadas no Reino Unido, África do Sul e Brasil, e que apresentem dados relevantes”, indica o regulador europeu em resposta escrita enviada à agência Lusa.
Numa altura em que o setor farmacêutico admite que seja necessário um reforço das doses das vacinas, como já veio dizer a Pfizer admitindo uma terceira dose do seu fármaco, a agência europeia não responde diretamente a esta questão da Lusa, indicando antes que “todos os estudos, pré-clínicos, clínicos ou provas do mundo real terão de ser formalmente examinados pela EMA e outros reguladores para concluir sobre o nível de proteção que as vacinas atuais oferecem contra as novas estirpes”.
Já questionada pela Lusa sobre eventuais conclusões relativas ao tempo e tipo de imunidade dada pelas vacinas anticovid-19, a EMA explica que este impacto “na propagação do vírus SARS-CoV-2 na comunidade ainda não é conhecido”.
“Ainda não se sabe se as pessoas vacinadas ainda podem ser capazes de transportar e propagar o vírus”, acrescenta.
Contextualizando que “para se compreender como as vacinas reduzem a propagação do vírus na comunidade […] preciso é realizar estudos no mundo real após um grande número de pessoas terem sido vacinadas”, a EMA garante que isto “está atualmente a ser investigado”.
Ainda assim, “os primeiros estudos observacionais de países como Israel, onde os níveis de vacinação já são elevados, sugerem que as taxas de infeção estão a diminuir, fornecendo as primeiras provas de vacinas que reduzem a propagação”, realça.
“Precisaremos de ver dados de estudos sobre este assunto antes de se poderem tirar conclusões finais”, adianta a EMA.
O regulador europeu diz também que, apesar de “os dados sobre a prevenção de doenças graves, hospitalização e morte por ensaios clínicos serem limitados, todos mostram uma tendência para um elevado nível de proteção” devido às vacinas anticovid-19.
A EMA alerta ainda que, “como com qualquer vacina, a vacinação contra a covid-19 pode não proteger todos os recetores da vacina, pelo que é importante manter medidas de saúde pública, tais como máscaras faciais e distância social”.
As variantes detetadas no Reino Unido, África do Sul e Brasil têm vindo a propagar-se na UE, com destaque para a estirpe britânica, que representa grande parte dos novos casos ao nível europeu.
A estas junta-se a estirpe detetada na Índia, que está a degradar rapidamente a situação sanitária naquele país e a provocar preocupação em vários países, que temem que possa ser mais contagiosa e resistente às vacinas.
Esta variante foi detetada em outubro no oeste da Índia, sendo qualificada como uma “dupla mutação” porque é constituída por duas variantes do vírus SARS-CoV-2. Esta é a primeira vez que estas características foram encontradas juntas numa variante com propagação significativa.
Atualmente, estão aprovadas quatro vacinas na UE: Comirnaty (nome comercial da vacina Pfizer/BioNTech), Moderna, Vaxzevria (novo nome do fármaco da AstraZeneca) e Janssen (grupo Johnson & Johnson).
A ferramenta ‘online’ do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) para rastrear a vacinação da UE, que tem por base as notificações dos Estados-membros, indica que 9% da população adulta da UE já está totalmente inoculada (com as duas doses), enquanto 24,3% recebeu a primeira dose da vacina, ainda longe da meta dos 70% estipulada pela Comissão Europeia para final do verão.
Já em termos absolutos, os dados do ECDC referem que 121,5 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 foram administradas na UE até hoje, de um total de quase 141 milhões de doses entregues aos países.
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