Numa breve informação enviada à agência Lusa, o STOP diz que vai manter os pré-avisos de greve de segunda até sexta-feira.
Esta decisão prende-se, diz o sindicato, com “a irresponsabilidade do Governo em não ter garantido as condições para o ensino à distância”, bem como “as condições para todos os profissionais da educação e alunos que irão para as escolas”.
O STOP queixa-se de falta de meios informáticos e acessos à Internet para alunos e professores e faz críticas à atual situação dos professores com filhos menores.
“Esta greve nacional de 8 a 12 de fevereiro [uma semana a contar de segunda-feira], além de pressionar o Governo a melhorar as condições, permitirá que os profissionais de educação que sintam a sua saúde e vida em risco a possam salvaguardar”, lê-se no comunicado.
Esta informação surge na véspera do arranque da primeira semana de aulas à distância decretada pela tutela, uma medida englobada nas medidas de contingência associadas à pandemia de covid-19.
Em declarações à agência Lusa o coordenador nacional do STOP, André Pestana, considerou “evidente que o Governo não garantiu as condições que devia ter garantido para o início deste ano letivo”, o que se está a repercutir “na falta de preparação da eventualidade do ensino à distância”.
“Os professores foram obrigados, no início deste ano letivo e fizeram esse trabalho, a apresentar três possibilidades para o ensino – planeamentos para o ensino presencial, ensino misto e ensino à distância – mas infelizmente quase passado 11 meses o Governo revelou que não estava preparado para o ensino à distância apesar das promessas veladas que tinha feita e tom de propaganda política”, referiu André Pestana.
O dirigente do STOP frisou que “não há computadores para todos”, o que faz com que “não existe garantia de equidade no acesso à educação, um direito consagrado na constituição”.
O coordenador do sindicato também alertou para “a situação muito delicada dos professores com filhos menores”, descrevendo o cenário de um pai ou mãe ou ambos professores que estão em casa a dar aulas, mas têm os seus filhos a assistir a aulas ao mesmo tempo.
“Os filhos menores que exigem atenção e acompanhamento dos pais. Isto vai ser mau para os professores e seus filhos, mas para os alunos que têm professores com filhos menores também”, sublinhou, somando a questão dos profissionais que estão a ser chamados para as escolas de acolhimento “sem condições de segurança adequadas”.
“Diz-se que as escolas desempenham um papel essencial, mas os profissionais da educação não estão nos setores prioritários de vacinação. Quando interessa ao Governo, somos considerados essenciais, mas depois não garante a vacinação nem EPI [equipamentos de proteção individual] adequados como máscaras, separadores”, acrescentou.
André Pestana acusou o executivo socialista de António Costa de ter “escondido deliberadamente que mais de metade das escolas tiveram focos de contágio” desde o início do ano letivo, altura em que “o STOP aconselhou uma redução do número de alunos por turma, colocação de separadores acrílicos entre alunos e entre alunos e professores e testes de diagnóstico regulares”.
Somando ao rol de reivindicações a “necessidade de mais professores e mais assistentes operacionais” nas escolas, Pestana sintetizou os motivos da greve de uma semana: “Para além de pressionar o Governo a atuar, a greve é para que se algum profissional sentir que está a por em causa a sua saúde e a dos seus familiares poder exercer o direito à greve”, disse.
O dirigente do STOP também quer que o Governo, “se apreender com os erros”, comece a preparar as condições de segurança para regressar ao ensino presencial quando for possível.
As escolas encerraram as portas há cerca de duas semanas e as crianças e jovens, desde creches ao ensino superior, ficaram em casa, numa pausa letiva que terminou na sexta-feira.
Na segunda-feira, cerca de 1,2 milhões de alunos do 1.º ao 12.º ano voltam a ter aulas à distância, à semelhança do que aconteceu no passado ano letivo.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.310.234 mortos no mundo, resultantes de mais de 105,7 milhões de casos de infeção, enquanto em Portugal morreram 14.158 pessoas dos 765.414 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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