Meloni, a presidente rotativa do G7, mostrou as suas divergências com a presidência brasileira do G20, presidida por Lula da Silva, num encontro com os meios de comunicação social à margem da reunião.

“Nós, com a presidência brasileira, partilhamos a necessidade de reformas, mas não estes objetivos. A Itália é contra a criação de novos lugares permanentes no Conselho de Segurança. Deveria haver mais lugares temporários distribuídos por zonas geográficas e rotativos”, explicou.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas é composto por cinco membros permanentes (China, Estados Unidos, Reino Unido, França e Rússia) e dez não-permanentes.

Na sua opinião, “a reforma faz sentido se permitir que as instituições multilaterais sejam mais inclusivas”, mas “não se acrescentar disfuncionalidades” já existentes, sublinhou.

A primeira-ministra italiana alertou ainda para o facto de o mundo “estar muito longe de resolver a questão da fome” devido às crises e às guerras.

Sobre estas crises, Meloni destacou a guerra na Ucrânia e acusou a Rússia de “ter usado os cereais como arma”, aludindo ainda ao conflito no Médio Oriente e à situação na Faixa de Gaza, onde a iniciativa italiana 'Food for Gaza' já entregou 47 toneladas de bens de primeira necessidade.

Neste sentido, defendeu como “prioridade” o seu próprio “Plano Mattei”, um programa que tem como missão investir dinheiro nos países africanos para travar a imigração para Itália e para a Europa.

A cimeira do G20, que termina hoje, encontra-se neste momento a abordar a questão da transição energética e do desenvolvimento sustentável, e Meloni defenderá a tecnologia de fusão nuclear, que, segundo ela, pode transformar a energia de “uma arma geopolítica num recurso acessível a todos”.

Os líderes do G20 conseguiram chegar a consenso sobre uma declaração final na cimeira anual, na qual destacam a aliança global contra a fome, mas com reduzidas menções aos vários conflitos regionais e o imposto sobre super-ricos.

A inclusão social e combate à fome e à pobreza, desenvolvimento sustentável, transições energéticas e ação climática e a reforma das instituições de governança global, prioridades da presidência brasileira, foram consagradas na declaração dos líderes com o objetivo de “orientar ações em direção a resultados concretos”.

Contudo, em relação aos conflitos ma Faixa de Gaza e no Líbano, os lideres das maiores economias mundiais apenas enfatizam para “a necessidade urgente de expandir o fluxo de assistência humanitária” e um “apoio a um cessar-fogo abrangente” nos dois territórios.

A palavra Ucrânia aparece mencionada apenas uma vez na declaração dos líderes do G20, na qual fazem parte países como Estados Unidos, Rússia, China, França, entre outros, frisando para “o sofrimento humano e os impactos negativos adicionais da guerra” e saudando “todas as iniciativas relevantes e construtivas que apoiam uma paz abrangente, justa e duradoura, mantendo todos os Propósitos e Princípios da Carta da ONU para a promoção de relações pacíficas”.

A declaração dos líderes saiu um dia mais cedo do esperado, já que hoje ainda decorre a sessão plenária final sobre transição energética e desenvolvimento sustentável.

Para além dos representantes dos países membros plenos do grupo, mais a União Europeia e a União Africana, no Rio de Janeiro encontram-se representantes de 55 países ou organizações internacionais, entre os quais Portugal - país convidado pelo Brasil -, representado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, Angola, representado pelo seu Presidente, João Lourenço, e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

O G20 é constituído pelas principais economias do mundo. A presidência do Brasil termina no final do mês, passando em dezembro para a África do Sul.