Numa “declaração aos tomarenses”, a que a Lusa teve acesso, Andreia Galvão “tranquiliza” a população quanto à “integridade” do monumento Património da Humanidade, na sequência de uma reportagem que apontava danos provocados durante a rodagem de um filme, que foi “devidamente autorizada e monitorizada”.
Por outro lado, lamenta as “afirmações graves” proferidas nessa reportagem “por pessoas escondidas atrás do anonimato” e que “lançaram suspeitas" sobre si própria e sobre os colegas, "uma equipa de profissionais que se tem dedicado ao monumento”.
“Estas razões foram mais que suficientes para que o Ministério da Cultura/Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) - atitude que muito apreciei - tenha imediatamente iniciado um processo de inquérito que está em curso e cujos resultados aguardamos em 20 dias”, declarou.
Andreia Galvão afirma acreditar que o resultado do trabalho da comissão de inquérito “clarificará todos os aspetos que envolveram este caso”.
Sobre o seu caso pessoal, a diretora do Convento de Cristo, que foi acusada de ter desviado funcionários para obras na sua residência, afirma que está disponível para prestar “às entidades competentes” todos os esclarecimentos sobre as “graves afirmações, que não correspondem à verdade”.
Em declarações à Lusa, Andreia Galvão afirmou que, em relação às suspeitas que foram lançadas sobre a sua pessoa, está a “tomar diligências para apurar responsabilidades”.
Andreia Galvão disse que nestes dias viu a sua vida “devassada”, numa onda de “calúnia e perseguição”, que a levou a advertir um órgão local sobre a “ilegalidade” de filmagens feitas à sua residência.
A diretora do Convento de Cristo disse à Lusa que se reuniu na quinta-feira com os funcionários, para dar conta da “consternação pela forma como a ‘casa’, o património e os funcionários foram tratados” na reportagem televisiva, acreditando que as "origens e motivações que poderão estar por detrás deste caso" acabarão por se conhecer.
Dois dos funcionários disseram à Lusa que, nessa reunião, foi assinado um documento por todos os presentes manifestando vontade de apresentar uma queixa-crime no Ministério Público, tendo em conta que viram o seu “bom nome e reputação afetados pelo conteúdo do programa ‘Sexta às Nove’”, emitido no dia 02 de junho pela RTP.
Álvaro Barbosa, arquiteto e técnico de conservação da DGPC, a trabalhar há 32 anos no Convento de Cristo, disse à Lusa que os funcionários, que se têm “dedicado muito” ao monumento, “estão tristes” com o retrato feito no programa.
“Esta é uma cidade pequena e insinuações que surgiram na apresentação deste assunto foram de modo a prejudicar imenso as pessoas. Não se pode falar de suspeições e estar a apontar com muita insistência a câmara sobre esta ou sobre aquela pessoa, sobretudo porque isso cria uma imagem no público de que essa pessoa é suspeita de alguma coisa”, disse.
Em causa estariam alegados desvios de dinheiro nas bilheteiras, situação que Álvaro Barbosa, que dirigiu o convento durante oito anos, afirma que nunca foi alvo de qualquer denúncia interna, anónima ou não.
Por outro lado, afirmou que os mecanismos de controlo da venda de bilhetes foram sendo aperfeiçoados ao longo dos anos, entrando a validação dos bilhetes automaticamente na base de dados da DGPC.
“Não posso ver onde é que haja algum motivo para suspeitar do pessoal. Quem disse essas coisas que se assuma e que o prove. Não é esconder-se por detrás de cabeleiras ou de situações de anonimato, e falar de qualquer maneira dos outros, prejudicando-os de uma maneira injusta”, declarou.
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