Numa declaração de voto entregue no parlamento após a votação, Ascenso Simões considera que a aprovação do diploma “demonstra, infelizmente, uma traição, por parte do BE e do PCP, aos acordos bilaterais que levaram à constituição do atual Governo” e à aprovação dos três últimos orçamentos do Estado.
Para o deputado do PS, “os votos cruzados do PSD e CDS, de um lado, e do PCP e BE, do outro, transportaram o parlamento para o simbolismo do PEC IV e ao tempo seguinte de chegada da ‘troika’”.
“A fotografia de hoje é muito má de ver”, sustenta o parlamentar socialista, afirmando que “o mais lamentável desta votação de hoje é que ela assume a dupla vertente populista e demagógica dos partidos mais à esquerda da esquerda”.
Ascenso Simões argumenta que, “se em muitas matérias, até em questões como a eutanásia, os votos se cruzam em tempos vários, o que todos acharão normal em democracia, não é aceitável um acordo das direitas com as esquerdas da esquerda que ponha em causa a governação a prazo”.
O deputado aponta em especial o dedo ao Bloco de Esquerda, depois de recordar que o partido liderado por Catarina Martins assumiu a “vontade de ser uma força de governo em 2019”.
“Mas o BE, ao assumir o populismo da descida dos impostos, ao não negar a guerra fratricida que mantém com o PCP para saber quem é mais barulhento na contestação, abdica de qualquer credibilidade essencial à governação futura”, sustenta ainda Ascenso Simões.
O parlamento aprovou hoje na generalidade o projeto do CDS que prevê o fim do adicional ao ISP.
Esta votação não implica a entrada em vigor da lei. Depois da votação na generalidade, segue-se o trabalho na especialidade, na comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, antes de voltar da votação final global no plenário da Assembleia da República.
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