“Em outubro, a [concessionária] Ascendi entregou à Câmara da Maia uma inspeção vídeo da passagem hidráulica sobre a antiga N13, conduta essa que está colocada a seis metros de profundidade e não é visitável. Nessa inspeção, foram detetados sinais de deterioração que não eram visíveis no exterior, nomeadamente uma ovalização da conduta que não oferecia perigo imediato”, refere resposta escrita enviada à agência Lusa.
A autarquia precisa que os serviços começaram “de imediato a elaborar o Projeto e Execução da empreitada de substituição da passagem hidráulica e a monitorizar diariamente a situação” e que esse “projeto foi finalizado e o procedimento concursal lançado antes mesmo do aluimento, o que permitiu intervencionar de imediato no local”.
A antiga EN13, localizada no concelho da Maia, no distrito do Porto, sofreu um aluimento de piso no domingo, dia 19.
A estrada teve de ser fechada ao trânsito, tendo a Câmara da Maia divulgado um comunicado no qual explica que o desvio no sentido norte/sul deve ser feito pela rua da Ponte de Moreira até à Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) da Ponte de Moreira, enquanto no sentido sul/norte os condutores têm a A41 como alternativa.
Na semana passada a Câmara da Maia indicou, também, que as obras de reparação da EN13 deverão demorar cerca de um mês.
O colapso do piso da antiga EN13 aconteceu num troço em que a infraestrutura tinha componentes de 'armco', uma solução de chapas metálicas que era comummente usada há cerca de 20/30 anos.
Em declarações à agência Lusa, na segunda-feira, o coordenador do Colégio de Engenharia Civil da Ordem dos Engenheiros - Região Norte, Bento Aires, especialista em reabilitação urbana, defendeu como “urgente” que “todas as entidades despertem para o risco real de segurança que a solução antiga [‘armco’] representa”.
“Temos estradas espalhadas pelo país com passagens hidráulicas feitas em 'armco' que podem começar a colapsar quando há chuvas, quando há estradas com mais tráfego. Em Portugal foi frequente há 20/30 anos fazer tubagens de passagens hidráulicas em 'armco', uma solução que está a chegar ao fim da sua vida útil”, disse o especialista.
Questionada pela Lusa, a Câmara da Maia indicou hoje que tem conhecimento de que a solução construtiva tipo ‘armco’ “possui fragilidades estruturais que ocorrem com a passagem do tempo, especialmente, quando usada em passagens hidráulicas”.
A autarquia garante que “nunca executou passagens hidráulicas do tipo ‘armco’ e que a passagem hidráulica em causa terá sido executada pela Junta Autónoma das Estradas, atual IP Infraestruturas de Portugal, aquando da execução do IC24 atual A41”.
“Como a Câmara Municipal da Maia estava a monitorizar diariamente a via em causa, desde a inspeção efetuada, quando foi finalmente registada uma alteração no piso da via esquerda, o trânsito foi desviado para apenas uma faixa e colocada uma camada de betuminoso de correção”, descreve hoje a autarquia.
Ainda de acordo com informações do Município liderado pela coligação PSD/CDS-PP de António Silva Tiago, “a faixa que apresentava alterações manteve-se sem trânsito”.
“A constante monitorização por parte da Câmara Municipal permitiu que não tenha havido riscos aquando do aluimento”, concluiu.
Questionada também sobre se estão em curso ou foram efetuadas obras de reparação e manutenção de pisos idênticas a estas, a autarquia da Maia, na mesma resposta, que “foi identificada e intervencionada uma passagem hidráulica tipo ‘armco’ na antiga EN107, tendo sido substituída em 2017 por duas passagens hidráulicas em betão armado do tipo ‘Box Culvert’, cuja solução técnica dá garantias de durabilidade”.
“Não temos nas vias municipais outras situações semelhantes. Estamos a iniciar obras de reabilitação de diversas infraestruturas, decorrentes de inspeções efetuadas e estamos ainda a iniciar projetos de reabilitação de outras estruturas e infraestruturas existentes”, descreve, por fim, a autarquia.
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