O protesto juntou cerca de 31.000 pessoas na praça Cibeles, no centro de Madrid, segundo as autoridades do governo e a polícia, mas os organizadores afirmaram que estiveram 500.000 na manifestação.
O protesto foi batizado como “manifestação das direitas” por parte da comunicação social espanhola, apesar de os organizadores serem cerca de uma centena de associações da sociedade civil, de âmbito nacional e regional, e de os partidos terem estado como convidados, sendo o objetivo ficarem em segundo plano.
Só um dos partidos convidados, o VOX (extrema-direita), enviou à manifestação o seu presidente, Santiago Abascal, enquanto a maior força política da oposição em Espanha, o Partido Popular (PP) e o Cidadãos se fizeram representar por outros dirigentes.
Todos, porém, apelaram à participação na manifestação e o presidente do PP, Alberto Núñez Feijóo, justificou a sua ausência com o objetivo de dar o palco à sociedade civil e assim mostrar ao Governo espanhol a dimensão do descontentamento.
A bandeira espanhola foi praticamente o único símbolo usado pelos manifestantes, que saíram à rua convocados com o mote “Por Espanha, pela democracia e pela Constituição”.
O alvo das críticas foram os pactos do Governo liderado por Sánchez com independentistas da Catalunha e do País Basco, “separatistas e herdeiros da [associação terrorista] ETA”, como hoje foram qualificados durante o protesto.
O outro alvo das críticas foram “o assalto partidário” por parte do partido socialista (PSOE) a instituições do Estado, que devem funcionar de forma independente e livre, como o Tribunal Constitucional, o Ministério Público, meios de comunicação social públicos ou o Instituto Nacional de Estatística.
“Não se trata de esquerdas, direitas ou centro, mas de não ficar impávido perante a erosão das instituições, a deterioração da democracia e o debilitamento do Estado”, defenderam os organizadores da manifestação num manifesto lido hoje perante as milhares de pessoas que se juntaram na praça Cibeles de Madrid, que foram interrompendo a leitura do texto com gritos de “Governo, demissão”, “Sánchez traidor”, “Viva Espanha” ou “Espanha unida jamais será vencida”.
“Trata-se de defender a democracia, a Constituição e a Espanha que querem a maioria dos espanhóis, não a que querem os seus inimigos”, dizia ainda o texto.
Todo o manifesto insistiu na defesa da “Espanha unida”, face aos “seus inimigos”, com o texto a lembrar que o Governo espanhol indultou os protagonistas da tentativa de autodeterminação da Catalunha de 2017 e que no final do ano passado mudou o Código Penal para abolir o crime de sedição, que tinha levado à cadeia quem, naquele ano “tentou levar a cabo um golpe de Estado”.
Para os manifestantes, que fizeram eco do discurso dos partidos da direita e da extrema-direita, o Governo de Sánchez está sem legitimidade porque recebeu o voto da maioria dos espanhóis com base em promessas de fazer cumprir a condenação dos independentistas catalães, de nunca se aliar com “os herdeiros diretos” da ETA, de lutar contra a corrupção e de “regenerar a democracia”.
Sanchez está, porém, “a fazer exatamente o contrário”, defenderam.
Sem uma maioria absoluta de apoio no parlamento nacional, Sánchez tem contado e negociado com os independentistas catalães e também com os bascos, além de outras formações mais pequenas, para aprovar leis como o Orçamento do Estado.
Foram também esses partidos que permitiram a tomada de posse do próprio Governo, uma coligação do partido socialista com a plataforma de extrema-esquerda Unidas Podemos.
A manifestação de hoje em Madrid coincide com o arranque de um ano eleitoral em Espanha, que terá eleições regionais e municipais em maio e legislativas gerais no final de 2023.
O manifesto lido hoje em Madrid terminou com um “apelo a toda a sociedade civil e partidos comprometidos com a ordem constitucional e a soberania indivisível da nação” a fazerem ouvir “o clamor” contra os socialistas e o resto da esquerda atualmente no governo.
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