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Na conferência de imprensa semanal da Direção-Geral da Saúde, de atualização dos dados da pandemia em Portugal, participaram a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas e o coordenador do estudo de variabilidade genética do SARS-CoV-2 e investigador do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), João Paulo Gomes.
- INSA 'persegue' variante do SARS-CoV-2 em Portugal: "No âmbito de um médio estudo de sequenciação genómica do vírus SARS-CoV-2, liderado pelo Instituto Ricardo Jorge e com a colaboração muitíssimo intensa do Instituto Gulbenkian Ciência, estamos a focar-nos muito concretamente na deteção desta variante [detetada no Reino Unido]. Numa primeira fase o arquipélago da Madeira [onde foram detetados 18 casos], numa segunda fase seguindo duas pistas: uma relacionada com o historial de viagens ao Reino Unido, a segunda com o facto de se ter constatado que alguns dos testes atualmente usados para o diagnóstico de covid-19 e que se baseiam todos eles em várias regiões do vírus, por vezes falham a deteção de uma dessas regiões. Isto é uma fortíssima indicação de se tratar da variante do Reino Unido. Posso dizer aliás que estes primeiros casos todos eles cumpriam estes dois critérios. É com base nisto que nós estamos a perseguir esta variante no país e a tentar encontrar outras também. (...) Dentro de dias podemos fazer uma atualização sobre o facto de esta variante estar ou não a circular já no continente", explicou João Paulo Gomes, investigador do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
- Caso da nova variante do vírus proveniente de Lisboa não se confirma: "Relativamente à circulação da nova variante na capital, nós ainda não temos indicação que isso aconteça. Embora tenha sido noticiado a existência de um caso associado a Lisboa e Vale do Tejo essa informação não se confirma. Os 18 casos são casos exportados", explicou João Paulo Gomes.
- Os três objetivos da vacinação para a Saúde Pública: Ao terceiro dia de vacinação e de regresso às conferências de imprensa, Graça Freitas enumerou os três objetivos fundamentais de Saúde Pública que a campanha pretende cumprir. O primeiro, "reduzir a mortalidade e os internamentos", o segundo "reduzir os surtos, principalmente junto das populações mais vulneráveis", e terceiro "minimizar o impacto da pandemia no sistema de saúde e na sociedade". A diretora-geral da Saúde afirmou que o cumprimento destes objetivos vai permitir, a médio prazo, controlar a pandemia.
- Os números da vacinação: "Nos últimos dois dias foram vacinados 7.585 profissionais de saúde em cinco centros hospitalares, o que corresponde a cerca de 80% das doses disponibilizadas para estes hospitais nesta fase", revelou a dirigente da DGS, que lembrou que em todos os países “as vacinas vão chegar faseadamente ao longo de 2021” e que “as pessoas serão vacinas gradualmente até que toda a população seja abrangida”. “A vacinação será feita de acordo com critérios de prioridade, que são transparentes, fazem parte do plano de vacinação covid-19 e vão sendo, obviamente, atualizados ao longo do tempo”, acrescentou Graça Freitas.
- Vacinação nos lares: “Para cada grupo considerado importante, como os residentes dos lares, o espaço de vacinação não vai ser muito grande: uns são vacinados numa semana, outros na semana a seguir”, começou por afirmar Graça Freitas, acrescentando: “quero deixar uma palavra de tranquilidade. É uma questão de dias e os critérios são transparentes”. Em relação aos critérios de seleção dos utentes dos estabelecimentos residenciais para idosos para receberem a vacina nesta primeira fase, Graça Freitas lembrou que a ‘task-force’ constituída pelo Governo para coordenar a vacinação está a analisar os critérios e indicou que a legalidade desses espaços não vai afetar o processo e será “tratado da mesma maneira” pelas autoridades de saúde.
- Portugal não vai registar dados de quem recuse ser vacinado: Graça Freitas distanciou a posição portuguesa do sistema adotado em Espanha, que vai manter um registo com o nome das pessoas que recusarem receber a vacina. “Há coisas que podem evoluir ao longo do tempo, mas, até à data, esta vacina está a ser considerada igual às outras. Apesar de ser nova, de ter sido feita em tempo recorde e de ter uma tecnologia diferente, não deixou de passar pelo crivo da Agência Europeia do Medicamento e não é um medicamento experimental”, frisou. A diretora-geral da Saúde reiterou que a vacinação “é um ato voluntário e fortemente incentivado”, mas que o facto de existir uma pandemia não alterou até agora o protocolo e que “esta vacina vai seguir os mesmos trâmites das outras” vacinas. “Se uma pessoa não se apresentar, não é vacinada, mas também não fica registado que não quis”,
- Os números de hoje: Portugal ultrapassou esta terça-feura os 400 mil casos de infeção com o novo coronavírus desde o início da pandemia de covid-19, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS). De acordo com o boletim da DGS, o país contabiliza hoje mais 74 mortes relacionadas com a covid-19 e 3.336 novos casos. O boletim epidemiológico da DGS indica ainda que estão internadas 2.930 pessoas, menos 37 do que na segunda-feira, das quais 486 em cuidados intensivos, menos 17.
- Situação epidemiológica: “A taxa de mortalidade global tem-se mantido estável e é de 1,7% à data”, afirmou Graça Freitas. A taxa de letalidade acima dos 70 anos é de 10,3%. “A incidência cumulativa a 14 dias é de cerca 480 casos de infeção por 100.000 habitantes”, acrescentou, sublinhando que existem “diferenças e assimetrias” entre concelhos e regiões. Entre 7 e 20 de dezembro, 26 concelhos estavam na categoria de máxima incidência cumulativa, acima de 960 casos por 100.000 habitantes, especificou.
- Mais de 16 mil profissionais de saúde foram infetados desde o início da pandemia (e todos são elegíveis para receber a vacina): Já sobre os casos de covid-19 entre os profissionais de saúde, a diretora-geral da Saúde esclareceu que já foram notificados 16.663 casos, dos quais cerca de 9.600 já são considerados como recuperados. Ainda sobre este aspeto, assegurou que os profissionais que já estiveram infetados não serão excluídos da vacinação. “Todos os profissionais de saúde que têm contacto direto com doentes são candidatos elegíveis para a vacinação. Estamos a seguir uma lógica de prioridade e à partida esses profissionais não entrarão logo nos prioritários, mas é uma questão de semanas. No primeiro trimestre teremos todos os profissionais de saúde vacinados. Não entrarão como prioritários, mas nada impede que sejam vacinados e serão vacinados”, observou.
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