Em declarações à agência, Lusa Nuno Fachada disse, contudo, que se mantêm todas reivindicações, entre as quais a passagem da unidade para um hospital multidisciplinar e a criação da atratividade para médicos e outros profissionais (anestesistas, obstetras, por exemplo).
Manifestou ainda solidariedade total com os 87 diretores de serviço demissionários uma vez que as questões que levaram às demissões ainda se mantém.
“Ainda estamos à espera dessa oportunidade. O diretor clínico é da máxima resiliência, tal como os restantes médicos e profissionais de saúde. Sou resiliente no aspeto reivindicativo e na gestão médica”, frisou.
O diretor clínico do Centro Hospitalar de Setúbal tinha apresentado a demissão do cargo a 30 de setembro, justificando a decisão com a situação de rotura nas urgências, entre outros motivos.
Numa informação enviada na altura aos seus colegas, o médico alegava um conjunto de dificuldades no centro hospitalar como justificação para a sua saída.
A “situação de rotura e agravamento nas urgências médicas, obstétrica, EEMI [Equipa de Emergência Médica Intra-Hospitalar]”, assim como “dificuldades noutras escalas como a pediátrica, cirúrgica, via verde AVC, urgências internas, etc”, foram algumas das razões apontadas pelo diretor demissionário.
Agora, numa carta enviada ao presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Setúbal, a que a agência Lusa teve acesso, Nuno Fachada refere que na sequência da reunião em 09 de novembro com a ministra da Saúde, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, a vice-presidente da Administração Regional de Saúde, o presidente da ACSS e o Conselho de Administração do Hospital "foram dados sinais favoráveis e concordantes com a requalificação do CHS para o grupo dos Hospitais de nível D [Multidisciplinar]".
Segundo o médico, foi também dada nota favorável à abertura de mais vagas médicas, nomeadamente nas especialidades mais carenciadas e criticas, foi tido como necessário o equacionamento da criação de mais vagas formativas nessas especialidades e foram desbloqueados os pedidos de mobilidade existente, o que, "além da grande ajuda conseguida para algumas das situações conjunturais mais emergentes, representa um estímulo ativo para o corpo clínico, que, sem desmobilizar, mantém a expectativa e é sensível perante a atual conjuntura do país".
O médico destaca ainda o facto de ter sido publicada a abertura do concurso da obra da urgência, a qual considera fundamental que tenha continuidade, uma vez que se trata de uma área de trabalho mais critica e de pior acomodação dos doentes, tornando-se numa das principais razões quer do êxodo de profissionais, quer do somatório de reclamações dos utentes.
Em declarações à agência Lusa, Nuno Fachada realça que estes são sinais positivos, mas que faltam ser efetivados, registando de forma negativa o facto de a ministra da Saúde ter referido no parlamento que a reclassificação do Centro Hospitalar de Setúbal (CHS) do nível C para D, que permitiria aumentar o financiamento daquela unidade, depender de critérios técnicos e não e uma decisão política.
"Estava à espera que a requalificação do Centro Hospitalar de Setúbal fosse anunciada e quando se passa para a gestão burocrática essa decisão isso é um murro no estômago", disse.
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