Desde o início da ofensiva militar russa, há mais de um mês, Rafael Grossi tem alertado para os perigos desta guerra, a primeira num país com uma grande capacidade nuclear – 15 reatores em quatro centrais em atividade e vários depósitos de resíduos nucleares.
“É vital estar no terreno para prestar apoio eficaz neste momento extremamente difícil”, escreveu numa mensagem no Twitter o chefe da agência para o nuclear da ONU, que chegou terça-feira à Ucrânia.
“Estou na central elétrica do sul da Ucrânia para me encontrar com os seus funcionários e responsáveis do governo ucraniano”, mencionou na mensagem, onde as imagens o mostram a apertar a mão a funcionários do local, cuja “resistência” elogiou.
“Queria dizer-vos que estamos aqui convosco, prontos para ajudar em tudo e de todas as formas possíveis “, sublinhou o chefe da AIEA.
A Agência espera ser capaz de enviar rapidamente especialistas para o local e entregar o equipamento necessário para garantir a segurança das instalações.
“Já evitámos por pouco vários incidentes. Não podemos perder mais tempo”, disse o chefe da AIEA.
A central de Chernobyl, já desativada mas com um depósito de resíduos, palco do pior desastre nuclear da história em 1986, caiu nas mãos das tropas russas a 24 de fevereiro, o primeiro dia da sua ofensiva.
Outro local ocupado pelos russos, a central de Zaporojia, a maior da Europa, sofreu ataques de artilharia em 04 de março, que causaram um incêndio e levantaram receios de uma catástrofe.
“Devido aos atos dos invasores, as normas da AIEA são violadas diariamente” nas centrais de Konstantinovka e Chernobyl, denunciou hoje o diretor da agência nuclear ucraniana, Petro Kotine, citado em comunicado, acreditando que a situação “está a deteriorar-se”.
Segundo a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, “os ocupantes russos criaram um enorme depósito de munições na zona de exclusão em torno de Chernobyl” e estas “podem explodir a qualquer momento”, o que causaria uma “colossal catástrofe ecológica”.
A vice-primeira-ministra “exigiu” por isso ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que “tome medidas para a desmilitarização da zona de exclusão de Chernobyl e que envie ao local uma missão especial”.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para as tropas ucranianas e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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