No seu primeiro ano de funcionamento, o serviço terá capacidade para abranger por períodos de sete a 15 dias um total de 12 domicílios em simultâneo e, no segundo ano, essa capacidade passará a ser de 20 internamentos.
A admissão estará reservada a doentes que cumpram quatro requisitos: sofrer de problema clínico que possa ser acompanhado em casa com "idêntica ou superior" qualidade à verificada no hospital, viver num raio de 30 quilómetros da Unidade 1 do CHEDV em Gaia, dispor de pelo menos um cuidador familiar sempre disponível e disponibilizar-se voluntariamente para o efeito.
Para acompanhamento clínico desses internamentos domiciliários - o que, ao ritmo de 12 hospitalizações simultâneas a cada sete dias, poderá envolver mais de 600 doentes num ano - estará sempre disponível uma equipa de 18 profissionais, entre os quais médicos, enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas e assistentes sociais.
"Isto envolve um conjunto de objetivos e vantagens que permitirão tornar a vida destes doentes mais cómoda, por via do internamento no seu próprio habitat", declarou, na apresentação do projeto, António Dias Alves, presidente do conselho de administração do CHEDV.
Entre essas vantagens conta-se, em primeiro lugar, um maior conforto do utente, que, em casa, irá receber um tratamento mais humanizado e, consequentemente, terá uma recuperação mais rápida.
"Além disso, as hospitalizações [em efetivas unidades hospitalares] também são um foco infeccioso, pelo que as infeções não se verificarão de forma tão acutilante se os doentes estiverem internados em casa", notou António Dias Alves.
Outras consequências positivas da atividade da nova UHD são as esperadas ao nível da economia de recursos, porque o internamento domiciliário permitirá uma poupança de "pelo menos 20%" face ao custo de idêntica estadia no hospital, e as previstas ao nível da eficiência geral do serviço hospitalar de Gaia e Espinho, já que o tratamento em casa libertará o hospital para "doentes que estão em lista de espera para cirurgia e para os quais neste momento não há camas".
Olga Gonçalves, coordenadora do novo serviço do CHVNGE, explicou que esse funcionará "em estreita articulação com as unidades de cuidados primários" da área de residência de cada internado domiciliário e admitiu que, à semelhança do que aconteceu com a outra UHD existente no país, (em Almada, sob tutela do Hospital Garcia de Orta), poderá também envolver "um trabalho de proximidade com as forças policiais" - para acompanhamento, por exemplo, das "enfermeiras que transitam durante a noite" para visita aos domicílios.
Grávidas, doentes do foro psiquiátrico, casos de pediatria e utentes de cuidados continuados e paliativos estarão excluídos do serviço, por exigirem outro tipo de acompanhamento especializado, mas a médica garante que o internamento domiciliário contará com "atendimento disponível 24 horas por dia e acesso direto aos meios complementares de diagnóstico", estando ainda em estudo a possibilidade de telemonitorização permanente.
"Em Portugal, tudo o que é novo causa muitas reticências, o que conduz à inércia e inatividade, mas seremos pró-ativos na procura dos doentes que possam beneficiar deste tipo de internamento", realçou Olga Gonçalves, que pretende replicar em Vila Nova de Gaia e em Espinho o mesmo sucesso de experiências idênticas já consolidadas em países como França e Espanha.
"Este é um projeto com pernas para andar e há muitos doentes encaixáveis neste serviço", defendeu.
Presente na sessão, o presidente da Câmara Municipal de Espinho manifestou-se disponível para ser utente da nova UHD em caso de ter que repetir um recente internamento a que foi sujeito, mas, em alusão às propostas aprovadas a semana passada no Parlamento com vista à reativação da Urgência do Hospital de Espinho, mostrou-se mais preocupado com a necessidade de pôr fim às portagens que, entretanto, vêm penalizando os utentes do concelho quando precisam recorrer às urgências de Gaia.
"É preciso que o Governo seja consequente e consiga que a concessionária da autoestrada A29 desloque esse pórtico, para que os utentes de Espinho não tenham que pagar portagem para aceder ao seu hospital de referência", concluiu o autarca Joaquim Pinto Moreira.
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