Depois de dois anos de pandemia, Adrian Bridge coloca a tónica da retoma em três vetores: recuperar, redescobrir e reconectar.
"Não preciso de explicar a ninguém a dificuldade que foram os últimos 24 meses", pelo que o primeiro foco será "recuperar o negócio". A segunda dimensão está em "redescobrir a forma como fazíamos negócio no passado, redescobrir relacionamentos e ligações que tínhamos com operadores de todo o mundo". Por fim, "reconectar. E talvez esta seja a parte mais importante do que a indústria do turismo pode fazer, e com ativos substanciais que já existem. Há muita gente que está cansada de estar a trabalhar em casa, a fazer videochamadas. É preciso contacto humano e o turismo é um veículo fantástico para isso. Portanto, a habilidade está em trazer as pessoas de volta, reconectar famílias, equipas e amigos. Isso será crucial na próxima fase", defende.
Adrian Bridge marcou presença no BTL Lab, promovido pelo NEST - Centro de Inovação do Turismo, e cujo objetivo é dar um palco próprio à inovação na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), naquela que é maior feira nacional do setor.
A criação destas ligações entre as pessoas terá de ser feita através do conteúdo. "Muitos confundem turismo com alojamento e o futuro do turismo é sobre conteúdo. É fundamental. O turismo hoje em dia não é só alojamento, aliás, só precisamos de alojamento quando temos mais conteúdo do que aquele que uma pessoa pode visitar num dia", nota o CEO do The Fladgate Partnership.
No caso do WOW, isso passou por criar um "quarteirão cultural na parte sul do Douro, onde historicamente estavam as adegas de vinho do Porto, transformando estes locais e construindo um centro de desenvolvimento no coração da cidade do Porto, capaz de criar ativos turísticos fantásticos" e, sobretudo, "diversificados".
Adrian exemplifica: "na zona histórica temos cerca de 17 fábricas de vinho do Porto a fazer tours, pelo que devo dizer que não é só sobre conteúdo, é sobre conteúdo diversificado. Como todos sabemos, muitos dos nossos clientes estão à procura dessas experiências, de oportunidades para serem engajados, para estarem conectados e verem o melhor que o país que visitam pode oferecer. E é isso que temos tentado fazer no WOW", resume.
Quando o projeto foi apresentado, em 2014, o objetivo era "criar um catalisador para a regeneração urbana" daquela zona. Hoje, um único local agrega museus, restaurantes, cafés, um hotel de cinco estrelas e espaços para eventos.
Todas as noites, há sete minutos de espetáculos gratuitos de videomaping. O objetivo, explica, é criar um momento especial capaz de captar as pessoas. Nos museus, exploram-se os sentidos e, através deles, criam-se experiências "enriquecidas" que ficam na memória e contribuem para a gerar conhecimento. Nos restaurantes e no hotel recebem-se aqueles que vêm para provar ou para ficar.
É neste contexto que Adrian Bridge salienta que "a inovação não tem de ser necessariamente incrivelmente complicada". É possível criar momentos de revelação sem recurso a tecnologias complexas, sustenta.
No final do dia, o objetivo é claro: "mostrar o que de melhor existe no nosso país e, com isso, aumentar o número de turistas que vêm à nossa cidade, à nossa região e, em última instância, ao nosso país".
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