As eleições angolanas realizaram-se na semana passada, mas ainda fazem correr muita tinta. Depois de muitos indicadores para a continuidade de João Lourenço à frente da liderança, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Angola garantiu, já nesta segunda-feira, que o MPLA venceu com 51,07% dos votos, contra 44,05% da UNITA.
A oposição, liderada por Adalberto Costa Júnior, contestou sempre estes resultados, apresentou as suas sondagens, e já esta quinta-feira pediu a anulação das eleições gerais junto do Tribunal Constitucional. Na madrugada desta quinta-feira, porém, a UNITA foi mais longe e o líder do partido assumiu a vitória nas redes sociais.
Uma semana 'animada' com a CNE a dar triunfo ao MPLA e a UNITA a garantir que venceu. Este 'imbróglio', contudo, não ficou por aqui. É que já esta sexta-feira à tarde, o movimento cívico Mudei, ao qual pertence o ativista Luaty Beirão, divulgou a sua contagem paralela dos resultados das eleições angolanas, que aponta para um empate técnico entre os dois principais partidos, ambos com 48% de votação.
“Não podemos dizer que os resultados favoreceram o candidato A ou o candidato B, não existe essa vantagem, há um empate de 48%, há uma vantagenzinha que não é suficiente para tomarmos posição, exceto a de poder pôr em causa os dados oficiais”, sublinhou Luaty Beirão, que esperava ter acesso a todas as atas para chegar a 500 mil votos contados.
“Muitas das atas, ao contrário do que estipula a lei, não foram afixadas o que truncou um pouco a nossa capacidade de ir mais longe, mas continuaremos enquanto houver o diferendo desde que tenhamos mais atas, para que os 164 municípios estejam representados de forma proporcional e para que a amostragem seja representativa”, referiu.
O ativista foi mesmo mais longe, considerando que a CNE “desrespeitou e atropelou todas as leis possíveis” ao não afixar as atas em todas as assembleias de voto e assinalou que “a UNITA tem uma responsabilidade acrescida perante a sociedade”, já que tem acesso a estes documentos, através dos delegados de lista.
“Eles estão a fazer uma contagem paralela, não é uma projeção e ontem fizeram um anúncio bastante contundente que vão pedir a impugnação de todo o processo. É muito importante que apresentem os dados e as proporções das suas contagens”, afirmou o coordenador do movimento Mudei.
Luaty Beirão defendeu que “se o resultado oficial é duvidoso” deve haver uma confrontação das atas, afirmando também “categoricamente que as eleições gerais de 24 de agosto de 2022, não foram justas, nem transparentes e resultaram na perversão dos princípios que deve reger um Estado verdadeiramente democrático e de direito”.
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