“Este é um momento histórico. […] Ajudamos a retirar maioria absoluta a dois partidos e esperemos que [o líder do PSD/Madeira e presidente do Governo Regional] Miguel Albuquerque se demita e dê pela primeira vez o Governo da Madeira à oposição”, declarou Élvio Sousa.
O número ‘um’ da lista do JPP falava numa unidade hoteleira do concelho de Santa Cruz, perante algumas dezenas de militantes e simpatizantes, depois de terem sido conhecidos os resultados oficiais provisórios das eleições legislativas da Madeira.
Pouco depois das 22:00, quando se confirmou que a coligação PSD/CDS-PP tinha ganho as eleições sem maioria absoluta, o ambiente era de festa entre os apoiantes do JPP, que bateram palmas e festejaram com abraços.
“Amanhã o nascer do sol vai ser diferente. Pela primeira vez na Madeira a maioria dos partidos foi retirada. E para nós, que ajudámos a retirar essa maioria, é um momento histórico, é um virar de página na história da Madeira”, realçou Élvio Sousa.
O dirigente referiu que o JPP é um partido nascido e criado no concelho de Santa Cruz, mas salientou que é uma estrutura nacional e que “se expandiu com o tempo”.
“Nós somos como o Vinho Madeira. Precisamos de tempo para maturar, para ser apreciado saboreado e depois ser bebido. Estamos ainda na fase de saborear, mas ainda vamos chegar à fase de beber”, disse.
“E quando chegarmos à fase de beber, vamos com certeza ganhar as regionais e a Madeira”, acrescentou Élvio Sousa.
Questionado se vai cumprir o mandato de deputado até ao fim ou se tenciona candidatar-se à presidência do município de Santa Cruz, em 2025, que é governado pelo irmão, Filipe Sousa, o secretário-geral do JPP respondeu que a questão será decidida “a seu tempo”.
“Nós hoje gostaríamos de saborear este resultado. Conseguimos os cinco deputados. Nós vamos preparar até ao final do ano a candidatura para a Região Autónoma dos Açores e depois para as europeias”, afirmou.
Élvio Sousa vincou, por outro lado, que não está “brigado” com o irmão, acusando a maioria PSD/CDS-PP de ter inventado, uma atitude que classificou como “nojeira”.
Em julho, Filipe Sousa manifestou a intenção de se demitir da presidência do partido por não concordar com o seu lugar na lista (5.º). O também presidente do município de Santa Cruz, desde 2013, não esteve hoje junto do partido nem durante a campanha eleitoral.
A coligação PSD/CDS-PP venceu as eleições legislativas regionais da Madeira, mas falhou por um deputado a maioria absoluta, depois de apuradas todas as freguesias, segundo dados oficiais provisórios, disponibilizados pela Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna.
PSD e CDS-PP conseguiram 43,13% dos votos e 23 deputados, quando são necessários 24 para a maioria absoluta.
A segunda força política mais votada foi o PS, que passou de 19 para 11 deputados, tendo obtido 28.844 votos (21,30%).
De acordo com os resultados oficiais provisórios, o JPP foi a terceira força política mais votada, tendo obtido 14.933 votos (11,03%) e alcançado cinco mandatos.
O JPP concorreu pela primeira vez a legislativas regionais em 2015, nas quais elegeu cinco deputados e foi considerado a surpresa do sufrágio.
Nas anteriores legislativas da Madeira, em 2019, perdeu dois deputados e ficou representado por três parlamentares, tendo obtido 5,59% dos votos (7.830).
O partido, formalizado em 2015, nasceu de um movimento de cidadãos independentes da freguesia de Gaula que em 2013 concorreu às eleições autárquicas no concelho de Santa Cruz, onde ganhou por maioria absoluta, com 13.886 votos (64,42%), derrotando o PSD, que governava a autarquia desde 1976.
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