"Os Açores são um resultado com sabor a vitória mas não são forçosamente uma indicação de vitória para o CDS", afirmou o líder parlamentar, apontando que "quem está preocupado, está preocupado para querer melhor, não é para querer pior".
Ainda assim, Telmo Correia disse ter ficado "contente" com a solução de Governo alcançada nos Açores (onde o CDS elegeu três deputados), que junta PSD, CDS e PPM e o apoio parlamentar do Chega e da Iniciativa Liberal.
O parlamentar questionou ainda se os elogios do presidente do partido ao grupo parlamentar são partilhados pela restante direção ou se "é uma hipocrisia".
Sobre as eleições regionais dos Açores, o deputado João Gonçalves Pereira considerou que "felizmente as coisas não correram tão mal como se pensava", mas recusou "escamotear" que o CDS perdeu eleitores e mandatos e teve "o pior resultado dos últimos 25 anos".
Ainda sobre este assunto, o antigo vice-presidente Adolfo Mesquita Nunes defendeu que o CDS tem de "aceitar que haja dúvidas sobre acordos, sobre negociações", como aconteceu nos Açores, e alertou que este partido "é uma ameaça à sobrevivência do CDS".
O PS perdeu em outubro, nas legislativas regionais, a maioria absoluta que detinha há 20 anos, elegendo 25 deputados.
PSD, CDS-PP e PPM, que juntos representam 26 deputados, assinaram um acordo de governação. A coligação assinou ainda um acordo de incidência parlamentar com o Chega e o PSD um acordo de incidência parlamentar com o Iniciativa Liberal, somando assim o número suficiente de deputados para atingir uma maioria absoluta (29).
"O Chega é um elefante dentro desta sala", atirou Cecília Meireles, considerando que este é um problema "cada vez mais grave" que os centristas parecem "não estar a querer enfrentar".
Na ótica da deputada, é necessária "uma estratégia clara para lidar com esta concorrência à direita".
Tanto Cecília Meireles como Adolfo Mesquita Nunes apontaram que o CDS faz questão de "enxovalhar" o CDS, principalmente através das redes sociais.
A deputada disse ainda que vê "o partido excessivamente concentrado na sua vida interna e a transformar isso no essencial", mas alertou que "a política não é a vida interna" dos partidos, mas sim "a ação sobre o país" e acusou o CDS de "inverter por completo a prioridade".
Apontando que ouviu "ao longo destes meses qualificar o grupo parlamentar" como "uma força de bloqueio", Cecília Meireles exigiu "respeito" ao partido, argumentando que o trabalho que faz "na representação do partido está à vista de todos".
"Em vez de o partido andar entretido em guerras de alecrim e manjerona entre grupo parlamentar e direção, que têm mais de ficção do que de realidade, eu acho que, se é preciso haver um momento para que, de uma vez por todas, se arrumar este assunto, haver as respostas que tem de haver e podermos partir para nos ocuparmos a definir estas linhas que têm que ser definidas, eu acho que era muito útil", salientou, salientando que "tudo tem os seus limites".
Apesar de terem começado por elogiar a organização deste primeiro Conselho Nacional digital, nas intervenções seguintes os conselheiros apelaram à realização de uma reunião presencial deste que é o órgão máximo do partido entre congressos.
O Conselho Nacional está reunido desde cerca das 11:00 de sábado, em videoconferência, e os conselheiros estão a analisar os resultados eleitorais das eleições nos Açores - onde o CDS passou a integrar o Governo - e a debater a situação política, económica e social do país.
Antes, os cerca de 200 conselheiros debruçaram-se sobre as eleições presidenciais e aprovaram a proposta da direção de apoiar a recandidatura do atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
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