Em declarações à Lusa, o presidente da Apropesca, Carlos Cruz, explicou que a sardinha capturada nas águas do Norte é “saborosa”, mas que está “curta” e “não cresce” desde que começou a safra a 2 de maio, sendo esse o principal motivo de os pescadores terem devolvido hoje ao mar toneladas de sardinhas mortas.

“Ao todo os 20 barcos que estão aqui [em Matosinhos] botaram todos o peixe fora. A verdade é que botaram tudo fora, não houve ninguém que comprasse nada. No dia de hoje eles [os pescadores] ficaram aborrecidos. Uma noite de trabalho e chegar a terra e botar tudo fora”, declarou Carlos Cruz, lamentando que se tenha devolvido tudo ao mar e às gaivotas.

Carlos Cruz considera a hipótese de a sardinha não estar a crescer nas águas frias do Norte por causa das alterações climáticas estarem a aumentar a temperatura média da água do mar, mas não compreende, então, como é que a sardinha está maior e com gordura nas águas mais a sul, onde as águas são por tradição mais quentes.

O presidente da Apropesca adianta que para a semana os pescadores não se vão sentir confortáveis a lidar com este peixe pequeno e que ponderam rumar a sul, para Peniche por exemplo.

Esta migração dos pescadores pode dar “confusão” nos portos, por não estarem preparados para tantos barcos de pesca, alerta Carlos Cruz.

“Vai haver muita confusão. Os portos não estão preparados para receber mais gente. Vai haver mais peixe a trazer para terra, mais barcos, mas confusão de gente”, observa, mostrando-se preocupado e referindo que os barcos levam 11 a 12 horas a chegar a Peniche e que é muito mais dispendioso.

Carlos Cruz explicou que a sardinha para a festa de São João, que se começa a celebrar esta noite e vai até sábado, se for graúda vem toda do sul – de Peniche, Sines e Sesimbra, porque a do Norte é “macaqueira”.