Num artigo escrito para o diário The Guardian, os dois académicos dizem que “encorajar as viagens para o estrangeiro no meio de uma pandemia não faz sentido” e que o Reino Unido pode seguir o exemplo da Nova Zelândia ou Coreia do Sul, onde a ausência de casos de infeção permitiu retomar a vida normal, nomeadamente o encontro de famílias, eventos desportivos e atividade económica interna sem restrições.
Além de uma maior eficácia e transparência do sistema de rastreamento, sugerem que seria necessário dar apoio financeiro às pessoas necessitarem de ficar em auto isolamento, e alojamento num hotel, se forem consideradas um risco para a família.
O fim dos corredores aéreos, continuam Hunter, professor na Universidade de Oxford, e Pearce, professor na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, significaria substituir viagens de verão ao estrangeiro por férias no Reino Unido.
“Obviamente, as companhias aéreas internacionais precisarão de subsídios para evitar a falência; também significaria que camiões que chegassem ao Reino Unido teriam de ser conduzidos até aos seus destinos por motoristas britânicos”, acrescentam.
Porém, vincam, as vantagens incluiriam o funcionamento de uma economia interna de forma normal, em que turistas nacionais substituiriam os internacionais, a reabertura das escolas sem restrições, pessoas vulneráveis poderiam sair de casa livremente e as atividades culturais e desportivas poderiam ser retomadas.
A eliminação do vírus poderá também reduzir na probabilidade de uma segunda vaga da pandemia no inverno, que pode voltar a sobrecarregar o NHS [sistema de saúde público] e exigir um segundo confinamento a nível nacional.
“Comparados aos custos, os benefícios são enormes”, argumentam, alertando para a incerteza que rodeia os projetos de vacina em desenvolvimento.
No domingo, o governo removeu a Espanha da lista de países com corredor de viagem, o que significa que qualquer pessoa que chegue daquele país ao Reino Unido terá de ficar de quarentena durante 14 dias.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, justificou a medida na segunda-feira com “sinais de uma segunda vaga” em Espanha e em outros países europeus, não excluindo impor restrições.
Portugal, juntamente com a Suécia, Estados Unidos e Brasil, foi excluído da lista de cerca de 70 países e territórios considerados seguros pelo governo britânico, decisão que tem impacto no setor do turismo.
O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, lamentou a decisão, a qual, disse, “não está fundamentada nos factos”.
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