O diretor da ESA, João Várzea Rodrigues, explicou à agência Lusa que o objetivo e o envolvimento da escola neste projeto-piloto, integrado no Programa de Valorização da Fileira dos Queijos da região Centro, é a renovação etária da classe de pastores.
“Se nós não tivermos cuidado, num futuro muito próximo não temos leite, nem para DOP [Denominação de Origem Protegida], nem sem ser para DOP. Não temos leite para fazer queijo de ovelha. As ovelhas estão a diminuir, os pastores estão a envelhecer muito rapidamente, o trabalho é difícil, trabalha-se ao ar livre o ano inteiro e não se ganha muito”, sustentou.
João Várzea Rodrigues disse também entender que, neste projeto-piloto, há a procura de uma nova filosofia de vida para trazer novas pessoas ao setor e a esta atividade.
Um dos formandos que vai iniciar o curso de pastores na segunda-feira, Luís Fevereiro, explicou à agência Lusa que foi incentivado pela própria mulher a inscrever-se nesta formação.
“Foi por parte da minha esposa, que tem o curso de reprodução animal. Na família também temos criação de cabras e ovinos, e ela incentivou-me a vir. Decidi inscrever-me e não estava a espera de ser selecionado”, afirmou.
Para já, Luís Fevereiro está na expectativa para começar o curso: “Espero aprender novas coisas e, no futuro, quem sabe, se eu não vou ter produção animal ou de leite. Fazemos já [família] produção e vendemos o leite. Queijo [produção], para já, não digo, mas se puder vender o leite e ter a minha própria produção, sim”.
Já o coordenador da escola de pastores na ESA, Luís Pinto de Andrade, explica que o objetivo da criação da escola de pastores prende-se com o desenvolvimento de um programa de formação que permita, não só, o reforço desta profissão, bem como a promoção da inovação e conhecimento dentro da fileira dos queijos DOP da Região Centro e a valorização e aumento da competitividade dentro da mesma, por se tratar de um dos principais produtos endógenos do território e com maior potencial de crescimento.
“O projeto quer é introduzir novos atores dentro do sistema produtivo, formar novos pastores que possam produzir mais leite e este leite entrar no circuito de produção, e que consigamos, efetivamente, dinamizar e valorizar todo este projeto”, frisou.
Luís Pinto de Andrade realçou que para haver ovelhas é preciso que haja gente que cuide delas, mas adiantou que, atualmente, os pastores têm que ser multifacetados.
E, nesse sentido, a formação vai ter vários módulos: “Vamos falar de pastagem, forragens, silvopastorícia, das próprias raças em si e gestão. Estão previstas 560 horas de formação, 150 de componente teórica e 410 de componente prática, que vai ser feita em contexto produtivo”.
O coordenador do curso na ESA explicou que já estão escolhidas explorações onde os candidatos irão frequentar e desenvolver toda uma atividade prática de apoio à atividade produtiva.
“São explorações que fornecem leite DOP para as queijarias, são explorações de referência, escolhidas como boas práticas”, concluiu.
Este projeto pioneiro está inserido no Programa de Valorização da Fileira dos Queijos da Região Centro, que inclui um investimento total de 2,7 milhões de euros e que é liderado pela Inovcluster – Associação do Cluster Agroindustrial do Centro, sendo que é cofinanciado pelo CENTRO2020 em conjunto com 13 entidades.
As aulas da escola de pastores realizam-se nas Escolas Superiores Agrárias de Castelo Branco e Viseu e em explorações agropecuárias dos concelhos de Castelo Branco, Fundão, Penela, Oliveira do Hospital, Gouveia e Viseu.
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