Pedro Sánchez assegurou no passado dia 17 de julho, num debate no parlamento, a sua "decisão firme" de transferir os restos mortais do ditador num espaço de tempo "muito breve".
A decisão visa transformar o local num espaço de reconciliação nacional. O Vale dos Caídos, a 40 quilómetros de Madrid, é um complexo de edifícios de grande dimensão idealizado e erigido por Francisco Franco para homenagear os mortos da Guerra Civil espanhola, estando o túmulo do ditador, sempre florido, ao lado do fundador do partido fascista Falange, José António Primo de Rivera.
Em nome de uma suposta “reconciliação” nacional, Franco transferiu os restos mortais de 37 mil vítimas – nacionalistas e republicanos – da guerra civil, para o local que foi inaugurado em 1959, e que é visto como exaltador da ditadura franquista.
O parlamento espanhol já tinha aprovado em maio de 2017 uma iniciativa parlamentar do PSOE (Partido Socialista espanhol), agora no poder, que “exigia” ao Governo (na altura) de direita de Mariano Rajoy que retirasse, com “urgência”, os restos mortais do antigo ditador do Vale dos Caídos. No entanto, a iniciativa, que não tinha força de lei nem era vinculativa, tinha como objetivo que o memorial ao regime franquista se transformasse num “espaço para a cultura da reconciliação, a memória coletiva democrática e a dignificação e reconhecimento das vítimas da guerra civil e da ditadura” espanhola.
A família de Franco, todavia, considera que o tema não está sequer para discussão. "Não há nada para falar", disse Francisco Franco Martínez-Bordiú, neto do ditador, ao britânico The Guardian. "A posição de todos os membros da família é muito clara — nós não vamos facilitar as coisas. Isto é um ato indefensável que tem fins políticos", criticou. "O meu avô foi sepultado ali na sequência de uma decisão do Estado, tomada pelo primeiro-ministro e pelo rei. Agora não o querem lá, é absurdo", considerou.
Francisco Franco Martínez-Bordiú acusa Pedro Sánchez de oportunismo político: "ele está a tentar ganhar votos com dinheiro público, e fazer isto não é muito caro. Eles [PSOE] estão a tentar conquistar votos da esquerda radical".
Questionado sobre se a família irá travar a exumação, limitou-se a reiterar que, pelo menos, não irá facilitar a questão. "Não digo que o governo não possa fazer isto — um governo pode fazer muitas coisas — mas não vamos facilitar".
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