O PSOE “não vai apoiar a investidura do senhor Feijóo”, disse a porta-voz dos socialistas, Pilar Alegría, numa referência ao presidente do PP (direita), Alberto Núñez Feijóo.
O líder do PP, que venceu as eleições legislativas de 23 de julho mas não tem uma maioria de apoio no parlamento que lhe garanta a investidura como primeiro-ministro, disse hoje que propôs ao líder do PSOE, Pedro Sánchez, um acordo ao abrigo do qual governaria o partido mais votado, como sempre aconteceu na democracia espanhola nos últimos 45 anos, e que acabaria com a influência dos independentistas catalães e bascos.
Feijóo disse que propôs a Sánchez, num encontro dos dois hoje realizado em Madrid, “seis grandes pactos de Estado” e que os socialistas viabilizassem um governo dos populares para uma legislatura de dois anos, o tempo para pôr em marcha esses acordos.
Numa conferência de imprensa, a porta-voz do PSOE sublinhou que o PP se apresentou nas eleições de 23 de julho “com uma única proposta”, apoiada pelo VOX (extrema-direita): “Revogar o sanchismo”, ou seja, as políticas dos últimos anos do atual governo, liderado por Pedro Sánchez.
“Passaram de querer revogar o sanchismo a rogar ao sanchismo”, ironizou Pilar Alegría.
A porta-voz do PSOE considerou ainda que há “cinismo e hipocrisia” nas propostas e declarações de Feijóo, que insiste em que deve governar Espanha a lista mais votada, mas desde as eleições regionais e locais de 28 de maio fez acordos com outros partidos para impedir que o PSOE liderasse o executivo de três regiões autónomas e de mais de cem municípios que foram conquistados pelos socialistas no escrutínio.
Pilar Alegría disse ainda que na democracia espanhola só houve pactos de Estado quando o PSOE esteve na oposição, porque o PP rejeita qualquer acordo quando não governa, como aconteceu na última legislatura.
O PP foi o partido mais votado nas eleições de 23 de julho e o Rei de Espanha indicou Feijóo como candidato a primeiro-ministro, cuja investidura tem agora de ser votada pelo parlamento em 26 e 27 de setembro.
“Será uma investidura falhada”, disse hoje a porta-voz do PSOE, para quem o PP não soube ler os resultados das legislativas de 23 de julho, que ditaram que há “uma maioria que recusa a proposta de revogação do sanchismo”.
O PSOE tem assegurado que, apesar de ter sido o segundo partido mais votado, tem condições para voltar a formar governo, com os votos dos deputados de uma ‘geringonça’ de forças de esquerda, extrema-esquerda, regionalistas, nacionalistas e independentistas, que já conseguiu juntar em 17 de agosto, na eleição da presidência do parlamento.
Sobre as negociações com os independentistas, sobretudo os catalães, Pilar Alegría repetiu hoje que o PSOE será “coerente” com o que fez na última legislatura, em que optou pelo “diálogo, no quadro da Constituição”, “em pró da convivência e do reencontro com a Catalunha”.
A porta-voz do PSOE considerou que esta via recebeu o aval dos eleitores em 23 de julho, quando os socialistas venceram as legislativas na Catalunha.
Na última legislatura, o Governo liderado pelos socialistas indultou condenados pela tentativa de independência catalã de 2017 e retirou do Código Penal o crime de sedição que levou dirigentes separatistas à prisão e de estavam acusados outros ainda por julgar, como é o caso do ex-presidente do governo regional Carles Puigdemont.
Pilar Alegría escusou-se hoje a dizer se é viável a reivindicação de amnistia para os dirigentes catalães de 2017, como pedem agora os partidos independentistas da região.
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