De acordo com o estudo do Centro Helmholtz de Pesquisa Polar e Marinha, que realiza pesquisas nomeadamente nos oceanos Ártico e Antártico, com as alterações climáticas e a subida das temperaturas há uma alta probabilidade de se perderem os atuais locais de criação do bacalhau.
Se a meta de conter o aquecimento global no 1,5 graus acima de valores da era pré-industrial, conforme previsto no Acordo de Paris sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa, não for alcançada, com o aquecimento e acidificação do oceano, o bacalhau do Atlântico e o bacalhau polar serão forçados a procurar novos habitats no extremo norte e as populações podem diminuir, indica a investigação.
Os investigadores dizem que tal pode ser “desastroso”, porque o bacalhau polar é a mais importante fonte alimentar para as focas e aves marinhas do Ártico. Ao mesmo tempo, os pescadores podem perder a região mais produtiva do mundo para a captura do bacalhau, localizada a norte da Noruega.
Os resultados do estudo indicam que uma política climática rigorosa pode prevenir as piores consequências, quer para animais quer para seres humanos.
Há peixes, como o bacalhau, que preferem água fria e só desovam em água fria. O bacalhau do Atlântico, um dos alimentos preferidos dos portugueses, desova em águas entre três a sete graus e o bacalhau polar desova a temperaturas entre os zero e os 1,5 graus celsius.
Os investigadores Flemming Dahlke e Daniela Storch defendem que esta dependência da água fria pode ser fatal para as duas espécies, devido às mudanças climáticas, especialmente o aquecimento das águas do Atlântico Norte e do Ártico.
A juntar-se a esse aquecimento, a menos que se reduzam drasticamente as emissões de dióxido de carbono e gases com efeito de estufa, vai acontecer a acidificação das águas. Porque quanto mais dióxido de carbono é lançado para a atmosfera mais se dissolve no oceano, onde na ligação com a água forma ácido carbónico, que acidifica quando decai.
“Isso significa que o bacalhau do Atlântico e o bacalhau polar serão duplamente stressados no futuro, o seu habitat irá aquecer e ao mesmo tempo acidificar”, diz Flemming Dahlke, ecologista marinho.
A investigação concentrou-se especialmente nos embriões, concluindo que no momento da eclosão os bacalhaus são muito sensíveis às mudanças das condições ambientais. As descobertas dos cientistas indicam que nas duas espécies de bacalhau um mesmo que pequeno aumento da temperatura pode causar a morte dos ovos ou produzir deformações nas larvas.
E com a acidificação da água, ainda que ela esteja a uma temperatura ótima, o número de embriões que não sobrevive sobe de 20% para 30%, de acordo com as experiências dos investigadores.
As costas da Islândia e da Noruega abrigam atualmente as maiores populações de bacalhau do Atlântico, onde são pescadas todos os anos cerca de 800 mil toneladas, no valor de dois mil milhões de euros.
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